Título: Abengoa vence o último leilão do ano
Autor: Raymundo de Oliveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/11/2004, Energia, p. A6

Espanhola oferece deságio de 47,5%; consórcio de estatais e privadas leva trecho de 65 km. A espanhola Abengoa foi a grande vencedora do leilão de linhas de transmissão ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ao levar a concessão do trecho que vai ligar Colinas (TO) a Sobradinho (BA) e São João do Piauí (PI) e uma subestação. Como ocorreu no leilão de transmissão feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em setembro, a empresa espanhola ofereceu um deságio de 47,5% e arrematou o lote com o envelope fechado, sem deixar que a disputa fosse decidida no viva voz, modalidade só permitida quando a diferença do menor lance para o segundo colocado é igual ou menor que 5%. Com este resultado, as espanholas consolidam a primeira posição no ranking das estrangeiras em atuação no mercado brasileiro de transmissão de energia e ficam cabeça a cabeça com as privadas nacionais.

A disputa de ontem na Bovespa teve outra semelhança com o leilão de setembro. A Abengoa venceu, sozinha, dois consórcios, um deles formado pelas estatais Chesf e Eletronorte e as privadas Queiroz Galvão, Alusa e Mairengineering, e outro formado pelas espanholas Cymi e Cobra, além das também espanholas Elecnor, Isolux Wat e a nacional Schahin. Com uma oferta de R$ 107,5 milhões de receita anual, a Abengoa ficou a frente da Isolux (R$ 120,4 milhões) e do consórcio das estatais e privadas brasileiras (R$ 122,6 milhões). "Esta disputa mostra que o negócio da transmissão é bom e que as empresas espanholas estão ávidas pelo merco nacional", afirmou ontem o diretor-executivo da associação que congrega as grandes empresas do setor (Abrate), César Pinto. Segundo o diretor da Aneel, José Mário Abdo, no próximo ano deverão ser licitados trechos com extensão de cerca de 3 mil quilômetros e investimento de R$ 2 bilhões. O segundo trecho leiloado ontem, 65 quilômetros entre Araçuaí e Irapé (MG), foi levado pelo consórcio formado pelas estatais nacionais Furnas e Cemig e pelas privadas Alusa e Orteng por uma receita anual de R$ 10,3 milhões.