Título: Argentina reconhece a China como uma economia de mercado
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Fonte: Gazeta Mercantil, 19/11/2004, Internacional, p. A10
A Argentina decidiu reconhecer a China como economia de mercado segundo as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), assim como fez o Brasil, disse o chefe de gabinete Alberto Fernández. O reconhecimento ocorre em troca da intenção da China, anunciada nesta semana, de investir US$ 20 bilhões nos setores de ferrovias, energia, habitação e de telecomunicações nos próximos 10 anos, afirmou Fernández.
Com a entrada da China na OMC, estabeleceu-se um período de 15 anos no qual os parceiros comerciais podem não classificar o país como economia de mercado. Isso facilita a imposição de barreiras a produtos chineses que o país importador diz serem vendidos abaixo do custo. A China está solicitando aos parceiros para alterar a designação para economia de mercado antes do prazo. Os produtores chineses enfrentam as maiores reclamações no mundo de empresas que dizem que as produtos do país asiático são colocadas no mercado abaixo do custo.
A medida aumentará as importações chinesas de produtos argentinos, como carne bovina e frutas, em cerca de US$ 4 bilhões nos próximos cinco anos, disse Fernández. O presidente chinês, Hu Jintao, passou três dias na Argentina nesta semana, após passar pelo Brasil.
Em 2003, a China transformou-se na quarta maior parceira comercial da Argentina, comprando 75% da sua produção de soja, a principal fonte de reservas estrangeiras do país vizinho.
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, disse que seu governo garantirá ao setor produtivo a proteção necessária ante os competitivos produtos importados da China. "Garantimos total e absolutamente que todos os setores que necessitarem de proteção, a terão", afirmou. Fernández disse que o governo terá permissão para usar tarifas e leis antidumping para proteger setores que considera vulneráveis. "O governo sabe como identificar as áreas sensíveis da economia e fará todo o necessário para preservá-las para não repetir experiências do passado, que levaram ao fechamento de fábricas e a taxas de desemprego que ainda temos". No Brasil, a concessão do status de economia de mercado provocou críticas da indústria.