Título: Klabin visa aumentar exportações para China
Autor: Cristina Rios
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/11/2004, Indústria & Serviços, p. A12

A Klabin, maior produtora integrada de papel para embalagem do Brasil, planeja dobrar as exportações para a China no próximo ano e reforçar sua presença no mercado da África do Sul. A meta, segundo o diretor-geral, Miguel Sampol, é que a participação das exportações na receita da empresa passe dos atuais 25% para 40% em cinco anos. Até lá, a companhia espera consolidar um novo programa de investimentos, que permitirá elevar a capacidade de produção dos atuais 1,5 milhão de toneladas para 2 milhões de toneladas, dobrando a fabricação de cartões. "Hoje operamos no nosso limite", afirmou o executivo.

O principal projeto é voltado para a China, para onde os volumes de exportações, principalmente o de papel cartão fabricado na unidade de Telêmaco Borba (PR), vão dobrar até 2005, passando das atuais 20 mil toneladas para 40 mil toneladas, segundo Sampol. "É indiscutível que teremos que ampliar nossa participação no mercado asiático."

A Ásia responde por 30% das exportações. A Europa, os EUA e a América Latina ficam com 70% da receita externa. Segundo Sampol, o mercado norte-americano também tem um potencial grande de crescimento, principalmente nas áreas de papéis para embalagens tipo "Carrier Board" - usadas para refrigerantes e cerveja -, um nicho que a Klabin começa a explorar com mais força. Embora a valorização do real frente ao dólar seja definida por Sampol como "preocupante", o executivo afirma que as exportações devem continuar aquecidas.

Para a unidade de Telêmaco Borba, a maior do grupo, já está em andamento um programa de investimentos de US$ 55 milhões para ampliar a produção das atuais 620 mil toneladas para 670 mil toneladas por ano. Um segundo passo será investir nas cinco unidades localizadas em Santa Catarina, com destaque para a fábrica de Otacílio Costa, que hoje tem potencial para 350 mil toneladas e a de Correia Pinto, que pode produzir até 170 mil toneladas.

Com os projetos, a Klabin reforça sua liderança no setor frente ao avanço de concorrentes como Suzano e Votorantim Celulose e Papel (VCP), que, recentemente, se uniram para comprar a Ripasa. Passada a fase de reestruturação (que incluiu a venda de ativos de celulose, papel sanitário e papel imprensa), a Klabin espera concentrar-se nos investimentos na área de papel e cartões para embalagens. "Podemos viabilizar nossos investimentos por meio de nossa própria geração de recursos. Hoje, nosso endividamento está em 20% sobre o patrimônio. Desse volume, dois terços são de longo prazo", afirmou Sampol.

Com 19 unidades de produção - 18 no Brasil e uma na Argentina - a empresa obteve um lucro líquido de R$ 135 milhões no terceiro trimestre de 2004, ante o prejuízo de R$ 154 milhões apurado em igual período de 2003. Nos nove primeiros meses do ano, o lucro líquido atingiu R$ 366 milhões, 61% a menos que no mesmo período de 2003. A receita líquida somou R$ 2,027 bilhões de janeiro a setembro, 14,45% a mais na comparação com igual período do ano passado.

A empresa também pretende reforçar o negócio de venda de toras de pinus e eucalipto para terceiros, que já movimenta 2,5 milhões de toneladas por ano. Esse material é vendido para as indústrias de chapas e móveis que exportam seus produtos. "A previsão é que esse volume chegue a 3 milhões de toneladas neste ano", afirmou Reinoldo Poernbacher, diretor florestal. Esse braço de negócios da Klabin promete ser o mais beneficiado pela conquista da certificação internacional Forest Stewardship Council (FSC). "A certificação é importante para que os nossos clientes possam ter mais competitividade no mercado externo", explicou Sampol.