Título: Juro maior prejudica a retomada...
Autor: Otto Filgueiras
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2004, Primeira página, p. B-1

Paulo Skaf entende que "não há nenhum desequilíbrio entre demanda e oferta e isso só vai acontecer se for criada expectativa inflacionária e fatalmente o Banco Central vai argumentar que tem de aumentar os juros". Segundo ele, "é preciso trabalhar no sentido inverso, de que não há expectativa de aumento da inflação e que é preciso diminuir os juros".A indústria paulista está unida na crítica à ata do Copom e é contra a elevação da taxa Selic. "Afinal, subir ainda mais os juros, ao invés de reduzi-los é um desatino", disse o empresário Claudio Vaz, que foi derrotado por Paulo Skaf na eleição para a Fiesp, mas venceu a eleição para o Centro das Indústria do Estado de São Paulo (Ciesp).

Claudio Vaz disse que o Brasil precisa crescer, que "o crescimento sempre tem momentos de turbulências e se a capacidade de produção de alguns setores está no limite é preciso investir, mas o governo Lula não oferece perspectiva de investimento, porque a toda hora diz que vai restringir o mercado". Segundo Vaz, que é diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp/Ciesp, o País tem financiamento escasso e caro, um custo de capital póprio elevado e uma carga tributária muito alta. " Nessas condições, se o governo acena em restringir o mercado interno, naturalmente reluta-se em investir".

Com a autoridade de presidente eleito da Fiesp, Paulo Skaf vai a Brasília na semana que vem, quando se encontrará com o presidente Lula, ministros de Estado, incluindo Antonio Palocci, da Fazenda, e visitará também o Banco Central. Dirá que a instituição "precisa estar mais próxima do lado do fomento, dos que produzem e das necessidades do País".