Título: Miolo nos restaurantes franceses
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B14

Duas mil e duzentas garrafas dos vinhos Quinta do Seival e Cuvée Giuseppe, dois assemblages produzidos pela Vinícola Miolo, situada no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS), começam a ser comercializadas nos restaurantes da França a partir do próximo mês. O negócio, estimado em ¿ 12 mil, pretende ser o primeiro de outros pedidos que resulta da parceria firmada no recente Salão Internacional de Alimentação (SIAL), realizada na Alemanha, entre a empresa gaúcha e a Vins Du Monde, a segunda maior importadora de vinhos da França.

A ofensiva da vinícola não pára por aí. Em 2005, ela planeja entrar no mercado chinês, Reino Unido e na Escandinávia, o que projeta no total um volume de 300 mil garrafas, incluindo Estados Unidos e Alemanha, países com os quais já possui bom relacionamento. Os negócios devem representar vendas de R$ 2,5 milhões em 2005, mais do que o dobro do estimado para este ano, de R$ 1 milhão, correspondendo a 180 mil unidades.

"O mundo procura novidades, e isso inclui a França", destaca o gerente de exportações e marketing da Miolo, Carlos Eduardo Corrêa Nogueira. "Hoje as nossas exportações representam 2% do faturamento e no próximo ano queremos chegar a 5%", revela o executivo. Para 2012, ele tem planos bem mais ousados: exportar 5 milhões de garrafas e ter receitas de aproximadamente R$ 50 milhões. No planejamento para 2012, a empresa pretende produzir 12 milhões de litros de vinho e triplicar o faturamento atual, alcançando a marca de R$ 150 milhões.

Michel Rolland

De acordo com ele, o preço médio da unidade exportada pela Miolo é de US$ 4,00, mais alta do que a média de outros países, como Chile e Argentina, ambos situados no patamar de US$ 1,50. "Ficamos um pouco atrás da Nova Zelândia, cuja média é de US$ 4,50 a garrafa", diz Nogueira, acrescentando que em faturamento, a empresa figura no topo das vinícolas brasileiras, por causa do valor agregado maior. Um fator decisivo no fechamento do contrato com a Vins Du Monde, segundo ele, foi a presença do enólogo francês Michel Rolland, que presta consultoria para a empresa gaúcha. "O Rolland é muito conhecido e respeitado. Quando o pessoal viu o nome dele associado aos nossos vinhos funcionou como um aval", lembra o executivo. Com relação à China, Nogueira esteve participando de uma missão do Rio Grande do Sul aquele país, realizada em julho e hoje tem um representante lá. "Para produtos de qualidade há mercado na China", assegura.

O embarque das 2,2 unidades para França será na próxima semana. O Quinta do Seival é um vinho de guarda elaborado com o corte de três uvas de origem portuguesa, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, cujos vinhedos estão no município de Candiota, na Estância Fortaleza do Seival pertencente à família Miolo.