Título: A sedução do mercado internacional
Autor: Eduardo Mendes
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/11/2004, Opinião, p. A3

O objetivo é ter competitividade global para vender a diferentes mercados. Operando em um mundo onde a interconexão aumenta a cada dia, as empresas visam ter competitividade global buscando implementar uma estratégia integrada internacionalmente. A estratégia de desenvolver e industrializar produtos passíveis de serem introduzidos e vendidos em diferentes países tem sido usada cada vez mais. Isso faz com que haja maior diversidade de produtos e de alternativas de fornecimento.

Esse cenário também mudou a característica dos departamentos de compras das empresas, pois os profissionais trabalham em ambiente muito peculiar e complexo, em que questões e preocupações macroeconômicas de cada país passaram a afetar a economia global e a seleção e o desenvolvimento de fornecedores são feitos por processo colaborativo e de parceria baseada no menor custo total de aquisição e propriedade.

Mas o simples fato de uma empresa importar produtos não faz com que obtenha os benefícios de uma cadeia de suprimentos internacional. Podemos identificar três estágios de evolução para atingir esses benefícios. Primeiro, as empresas buscam aumentar os volumes, minimizar os preços e gerenciar os custos de inventário. Essa etapa é caracterizada por empresas que começaram a comprar produtos de fornecedores estrangeiros. No segundo estágio, passam a dar mais ênfase à capacidade de fornecimento para suportar suas estratégias de produção e atendimento a clientes. A maioria das empresas que fazem compras internacionais encontra-se nesse estágio.

O terceiro estágio é caracterizado pela otimização da malha de fornecimento, levando em consideração tempos logísticos e capacidades de fornecimento e transporte. Essa etapa também leva em conta os riscos envolvidos. As transações são suportadas por ferramentas tecnológicas. Há, ainda, um quarto estágio, que pode ser descrito como corporação transacional. Essa fase é caracterizada pelo intenso uso de ferramenta tecnológica para troca de informações, alta confiança entre comprador e fornecedor, parcerias para desenvolvimento de produtos (compartilhamento de capital intelectual) e colaboração para minimizar custos logísticos. Nessa etapa, as empresas tendem a operar em uma estrutura matricial, onde há uma divisão de produtos que cruza as estruturas organizacionais por região. Essa configuração facilita transferência de conhecimento e coordenação de esforços na companhia, além de dividir tarefas nas áreas de maior competência.

Empresas que têm como objetivo chegar ao quarto estágio progridem de uma postura reativa para uma atitude pró-ativa. Agindo reativamente, irão comprar aquilo o que lhe for oferecido de mais atrativo no momento, enquanto a postura pró-ativa irá suscitar estratégias visando suprir suas necessidades. O desenvolvimento desse plano envolve a análise de todas as possíveis fontes de fornecimento, domésticas ou internacionais, considerando todos os custos e riscos envolvidos a curto, médio e longo prazos. Para ilustrar todo esse processo, nada melhor do que uma frase de Sócrates: "Eu não sou de Atenas nem da Grécia; sou um cidadão do mundo".

kicker: Primeiro, as empresas buscam aumentar volumes e minimizar preços