Título: Surge uma nova geração no campo
Autor: João Mathias
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/11/2004, Panorama Setorial, p. A8

Após anos de trabalho e de dedicação, uma nova geração de agricultores passou a comandar o desenvolvimento dos campos brasileiros. Em busca da realização de sonhos e de conquistas em terras desconhecidas, homens simples transformaram remotas áreas agrícolas em grandes empreendimentos rurais. Em pouco mais de duas décadas, largaram ferramentas rudimentares para comandar equipes de profissionais que operam máquinas altamente sofisticadas.

São vários os exemplos do moderno empresariado do agronegócio brasileiro, sobretudo no Centro-Oeste, onde avança o plantio de diversas culturas, como soja, milho, algodão e arroz. A combinação de clima favorável, de obtenção de cultivares e de processos de plantio adaptados ao solo do cerrado fez da região uma nova fronteira agrícola.

Um dos modelos mais emblemáticos da agricultura empresarial é o do próprio governador de Mato Grosso. Blairo Maggi plantou sua primeira lavoura de soja com apenas 13 anos de idade. Foi em São Miguel do Iguaçu, no extremo oeste do Paraná, para onde seu pai André Antonio Maggi, em 1955, havia migrado do Rio Grande do Sul.

"Meu pai começou no Paraná como empregado de uma madeireira. Depois montou sua própria empresa, mas eu não gostava de trabalhar com madeira. Gostava mesmo era de plantar", contou Maggi em entrevista ocorrida nos anos 90, quando sua atuação política ainda era um projeto. Em janeiro de 2003, Maggi tornou-se governador de Mato Grosso, além de ter papel importante como porta-voz da agricultura no Brasil.

O Grupo André Maggi é considerado o maior produtor individual de soja do mundo. Além de soja, cultiva algodão e milho, cria gado, planta eucalipto e possui reservas, em uma propriedade de cerca de 170 mil hectares de terra cultivados na safra 2003/04.

Prefeito de Lucas de Rio Verde (MT), o produtor rural Otaviano Pivetta chegou à cidade no início da década de 80. Foi ajudar a transportar a mudança de um tio e viu lá a possibilidade de realizar um sonho antigo de adquirir, pelo menos, 200 hectares de terra. Comprou 600 hectares com a venda de seus bens em Sarandi (RS), onde morava à época, e começou a plantar arroz na cidade mato-grossense. Com o desenvolvimento da cultura agrícola na região, Pivetta passou a cultivar também lavouras de soja, milho e algodão. Hoje, é proprietário de cerca de 80 mil hectares e criador de suínos, com várias fazendas em Mato Grosso.

Controladora da Agropecuária Sachetti, a família Sachetti migrou de Santa Catarina para o oeste do Paraná e chegou, em 1983, a Mato Grosso. Inicialmente, os Sachettis trabalharam com terras arrendadas e, somente em 1986, compraram a primeira fazenda. Ao longo dos anos, a agropecuária tornou-se uma empresa aparelhada com pulverizadores com sistema GPS, aviões agrícolas, entre outros equipamentos.