Título: Reforma: presidente acena com mais um ministério ao PMDB
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/11/2004, Política, p. A14
Um nova rodada de almoços e jantares entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e partidos da base aliada deverá definir ao longo da semana pelo menos mais duas alterações na Esplanada dos Ministérios. Na quarta, o presidente almoça com os deputados do PMDB. Em jantar na noite de sexta em Brasília, na residência do ministro da Previdência, Amir Lando, ficou acertado que o partido terá pelo menos mais um ministério se decidir pela permanência na base de sustentação do governo no Congresso. Hoje, além da Previdência Social, o partido controla o ministério das Comunicações, com Eunício Oliveira. Na reforma, segundo assessores do presidente, o partido pode ser contemplado com o ministério da Integração Nacional ou das Cidades. A cúpula do PP também deverá reunir-se com o presidente para definir o seu quinhão na reforma ministerial. Em conversa sexta-feira com o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, confirmou que as alterações a serem promovidas pelo presidente Lula na Esplanada dos Ministérios nos próximos dias garantirão ao partido o controle de um ministério.
O governo estaria propenso a oferecer ao PP o Ministério da Saúde ou dos Esportes. O acerto com o PP saiu na última quarta-feira numa reunião da cúpula do partido com o presidente Lula. Na quinta, foi indicado para a vaga o atual líder na Câmara, deputado Pedro Henry (PP-MT). Em seu lugar, assumiria o deputado José Janene (PP-PR). O anúncio oficial pode sair nas próximas horas."Pediram para eu ficar de stand by em Brasília", disse Pedro Correa.
Na conversa mantida sexta-feira com Corrêa pelo telefone, Aldo teria confirmado o embarque do PP na Esplanada dos Ministérios. Mas não quis confirmar a pasta. "Pedro, o ministério está confirmado", disse ministro. Embora pertença à base de sustentação do governo no Congresso desde o final de 2003, até hoje o partido não possui nenhum cargo. Alegando insatisfação, sobretudo em relação a demora para liberação de emendas parlamentares individuais, o PP vinha obstruindo as votações de propostas de interesse do governo no Congresso. A ida do PP para a Esplanada não será a única mudança no primeiro escalão do governo. Para a vaga do ex-ministro do Planejamento, Guido
Mantega, hoje presidente do BNDES, comenta-se o nome do consultor de empresas Antoninho Marmo Trevisan. Mas a bancada carioca trabalha pelo deputado Jorge Bittar (PT-RJ). Hoje a presença do Rio no primeiro escalão federal está restrita à Secretaria de Mulheres. O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, que poderia ser deslocado para a área, teve sua indicação vetada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Segundo fontes palacianas, para evitar a reedição da dicotomia consagrada no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) - monetaristas versus desenvolvimentistas - uma vez que Ciro Gomes poderia vir a se transformar na voz dissonante da área econômica caso ocupasse o Planejamento.
Queda de Tarso Genro
Na sexta-feira, rumores no Ministério da Educação também davam conta de que o ministro Tarso Genro estaria com a cabeça a prêmio. Para o cargo estaria ganhando força no Palácio do Planalto o nome do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), principalmente depois de sepultada suas pretensões pela reeleição na Casa. João Paulo Cunha também é cotado para o Ministério de Desenvolvimento Social.