Título: Brasil financiará obras de infra-estrutura paraguaia
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2004, Nacional, p. A-3

O Brasil vai financiar obras de infra-estrutura no Paraguai e ajudar na reconversão de atividades econômicas no país vizinho, como forma de acelerar a economia e combater a pirataria. Técnicos da área econômica dos dois países têm 30 dias para encontrar uma equação financeira que atenda as duas partes em termos de prazos, custos e taxas, o que poderá ser um empréstimo ou a criação de um fundo compensatório. O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após almoço entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicanor Duarte, do Paraguai. Ainda não está definido qual será o valor do auxílio.

Na área de infra-estrutura, o ministério dos Transportes do Brasil vai firmar um convênio com a empresa Itaipu Binacional para o financiamento dos estudos preliminares para construção de uma segunda ponte ligando o Brasil ao Paraguai. Os trabalhos, que vão custar US$ 30 mil e serão pagos pela Itaipu, serão concluídos em 90 dias. A ponte sobre o Rio Paraná vai ligar as cidades de Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco, do lado paraguaio. Após a conclusão desses estudos, serão levantados os aspectos de viabilidade econômica e a elaboração do edital de licitação, o que deve durar 180 dias. Aberto o processo licitatório, dentro de seis meses a obra poderá ser iniciada.

Amorim ressaltou que este esforço em ajudar o Paraguai traduz o apreço do governo brasileiro pelo país vizinho. Nicanor veio ao Brasil acompanhado uma delegação formada por cinco membros de seu governo e esteve reunido no Itamaraty com as autoridades brasileiras por mais de três horas. "Foi uma reunião pouco comum e talvez a mais intensa entre presidentes e ministros dos dois países", disse Amorim.

O chanceler acrescentou que, no futuro, deverão ser criados fundos financeiros para reduzir as diferenças regionais entre os países do Mercosul, mas acrescentou que estas iniciativas ainda levarão algum tempo para serem postas em marcha. "No caso específico do Paraguai, existe uma urgência maior", disse, principalmente no acesso do país a créditos que possibilitem acelerar seu desenvolvimento econômico. Ele acrescentou, ainda, que as condições financeiras que o Paraguai precisa não são as "normais" e que para se chegar a uma engenharia completa exigirá a participação de vários organismos estatais e da análise dos distintos programas oficiais de fomento.

As duas partes trataram ainda dos ajustes da dívida da represa de Itaipu. Neste caso, não houve definição imediata mas, segundo Amorim, o assunto continua sendo objeto de "exame e preocupação". Também não avançaram as discussões sobre as mudanças na sistemática de cobrança do PIS e da Cofins que, segundo exportadores paraguaios de soja, acarretaram aumento de custos a partir deste ano. Amorim adiantou que o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, irá ao Paraguai em breve para discutir a questão.