Título: Real deve manter-se valorizado na semana,segundo analistas
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/11/2004, Finanças & Mercados, p. B1
O dólar comercial subiu na sexta-feira pelo segundo dia consecutivo, por conta da piora no cenário externo com a alta do petróleo e declarações de alerta do Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Na sexta, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,29%, vendida a R$ 2,786. No entanto, analistas mantêm a avaliação de que a tendência do dólar é de queda, salvo em situações pontuais.
Foi exatamente o que ocorreu na sexta. A moeda operou em queda durante toda a manhã, chegando a cair 0,76%, até que notícias externas reverteram esta tendência. "O petróleo voltou a subir forte, o que reacendeu temores de retração no crescimento mundial", diz Hélio Ozaki, gerente de câmbio do Banco Rendimento. O barril WTI com entrega para dezembro, negociado na Bolsa de Mercadorias de Nova York, subiu 3,41%, cotado a US$ 48,44.
Outro fator externo que colaborou para a alta foi o alerta de Greenspan, do Fed, sobre a economia americana. Em seu discurso, ele sinalizou para um novo aumento nos juros do país, ao dizer que os investidores que não estiverem protegidos contra juros mais altos vão perder dinheiro. "No momento atual, só mesmo fatos externos, como as declarações de Greenspan, e o petróleo, podem garantir alguma sobrevida à alta dos últimos dias", analista Flávio Farah, do banco WestLB.
No mercado de juros futuros, a grande expectativa é em relação à divulgação, na quinta-feira, da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). "Dependendo do teor do documento, que pode indicar o rumo da política monetária, as projeções dos juros futuros tendem a refletir esta expectativa", diz Farah.
Os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI), negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), fecharam a semana com projeções elevadas. O DI de abril, o mais líquido com um giro financeiro de R$ 27,4 bilhões, sinalizou juro de 17,95% para a virada do primeiro trimestre do ano que vem, frente 17,86% do ajuste da véspera. Para janeiro, que sinaliza a expectativa para a Selic de novembro, o contrato fechou com taxa de 17,43%, uma pequena alta, de 0,02ponto percentual sobre o dia anterior.
No mercado externo de títulos públicos, o C-Bond fechou a semana com desvalorização de 0,31%. O principal papel da dívida externa brasileira foi negociado a 100,313% do valor de face. No final das operações no mercado brasileiro, a taxa de risco-Brasil, medida pelo JP Morgan, operava em alta de 0,46%, aos 433 pontos.