Título: Ceará exporta US$ 700 milhões até outubro
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B14

Resultado é 11,4% maior que o verificado entre janeiro e outubro de 2003 e foi puxado por vários setores. As exportações do Ceará somaram US$ 700,949 milhões no acumulado janeiro-outubro, resultado que supera em 11,4% o realizado no mesmo intervalo do ano passado - US$ 629,453 milhões, em valores Fob. No mês passado, as vendas externas atingiram US$ 73,286 milhões, evolução de 7,3% sobre outubro de 2003 e de 0,5%, em relação setembro de 2004 (US$ 72,921). O período registrou o primeiro déficit na balança comercial do ano, com importações de US$ 82,303 milhões - diferença de US$ 9,017 milhões em relação ao total embarcado ao exterior e aumento de 135,2% sobre o mês anterior e de 127,3%, sobre o ano passado.

O superintendente do Centro Internacional de Negócios, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Cin/Fiec), Eduardo Bezerra Neto, diz que esses resultados não influenciam o desempenho global. "O Ceará não perde posição relativa, diante de outros estados e mantém a participação na pauta de exportações nacional próxima de 1%", avalia. De acordo com o dirigente, a produção industrial acelerada de outubro levou a compra de maior volume de matérias-primas.

Desempenho dos setores

O bom desempenho das exportações do período foi puxado por setores como coureiro/calçadista, com negócios de US$ 249,851 milhões, participação de 35,6% do global e crescimento de 20,5% sobre janeiro-outubro de 2003, e de castanha de caju (amêndoa e LCC), US$ 119,667 milhões, avanço de 17,1% e 27,5%, respectivamente. O levantamento aponta também salto significativo nas exportações de rochas ornamentais, com evolução de 112,6%, sobre os negócios realizados em igual intervalo de 2003. A receita financeira ainda é pequena - foram cerca de US$ 10,057 milhões - mas o setor mostra que tem condições de expansão, segundo avaliação de técnicos do Cin.

No caminho da expansão, ainda, o segmento de móveis, com embarques de US$ 808.884, incremento de 202,4% sobre o mesmo período do exercício anterior. A lagosta, tradicional produto de exportação do Ceará, confirma a retomada dos negócios, com embarques de US$ 33,487 milhões - aumento de 29,7%, comparado a 2003.

Desaceleração

A desaceleração aparece na indústria têxtil, terceira no ranking setorial, que embarcou US$ 104,294 milhões, queda de 2,3%, sobre o mesmo período do ano passado, e no camarão, caracterizado como um dos principais produtos da pauta de exportação do Estado, com negócios US$ 54,145 milhões, recuo de 20,2%. "A instabilidade do tempo, com excesso de chuva, prejudicou os setores de camarão e de frutas. Além desses, a falta de contêineres, afetou particularmente o têxtil, segmento que também dirigiu parte da produção ao mercado doméstico, influenciando no resultado final" analisa Bezerra Neto.

O presidente da Associação Cearense dos Criadores de Camarão, Ricardo Cunha Lima, acrescenta que os carcinicultores enfrentaram problema de dumping no mercado norte-americano, além da concentração de chuvas no litoral e a mionecrose, vírus que ataca os crustáceos, comprometendo a produção. Lima diz que os produtores já iniciaram o povoamento, na esperança que a situação se normalize. "Estamos na expectativa também da liberação de financiamento para custeio", afirma. De acordo com o dirigente, alguns projetos esbarraram nas licenças ambientais.

O levantamento do Cin revela que a pauta de exportação cresceu 41,8%, englobando 851 itens, diante dos 600 do ano anterior. Os Estados Unidos - mesmo com redução de 9,2% em relação ao ano passado - continuam o melhor mercado para os produtos fabricados pelas indústrias do Ceará. O país importou US$ 239,655 milhões, representando 34,2% de participação global. A Argentina figura como a segunda da lista, com US$ 56,431 milhões, correspondendo a 8,1% do total e aumento de 42,5%, sobre 2003.

No acumulado de dez meses, as exportações cearenses registraram crescimento expressivo em mercados como da Malásia, com expansão de 467,8% e compras equivalentes a US$ 11,049 milhões, Hong Kong (119,4%), US$ 12,542 milhões, Venezuela (73,6%), US$ 13,001 milhões, Peru (63,8%) ou US$ 12,831 milhões e México (59,4%), US$ 30,566 milhões.

Importações aceleradas

As compras externas das indústrias cearenses ficaram concentras em produtos como o trigo e centeio, representando US$ 81,180 milhões, participação de 19% na soma global e evolução de 2,2%, e óleo diesel, US$ 56,454 milhões, correspondendo a 13,3%, crescimento de 70,5%, considerada a soma dos 10 meses. Bezerra Neto diz que o aumento nas importações de óleo diesel pode significar uma antecipação de estratégica de compras da Petrobras, para garantir reservas e se proteger dos aumentos de preços do combustível.

O setor de químicos também registrou aumento das importações, sinalizando para a formação de estoques da indústria de transformação, observa o dirigente. No acumulado do ano, a balança comercial do Ceará mostra saldo positivo de US$ 275,490 milhões, com importações globais de US$ 425,459 milhões, que representa crescimento e 16,4% sobre o mesmo período do ano anterior.

O superintendente trabalha com indicativos que sinalizam para exportações globais entre US$ 860 milhões a US$ 900 milhões este ano, diante dos US$ 761 milhões do exercício de 2003. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE), Francisco Régis Cavalcante Dias, as exportações podem chegar a US$ 900 milhões e avançar para US$ 1 bilhão, em 2005.

Com os últimos resultados, o Ceará se mantém na 14ª posição, entre os estados exportadores brasileiros. No Nordeste, região que exportou US$ 6,400 bilhões, no acumulado janeiro-outubro, crescimento de 28,4 %, figura na terceira colocação, atrás da Bahia, com US$ 3,246 bilhões - incremento de 19,2%, no período, e Maranhão, US$ 1,039 bilhão, aumento de 63,7% - considerado igual intervalo de 2003.

kicker: Setores têxtil e do camarão tiveram desempenho negativo

kicker2: Estados Unidos ainda são o principal mercado para o Ceará