Título: Premier prevê um futuro de parcerias produtivas
Autor: Roberto Manera
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/11/2004, Nacional, p. A5

O discurso do primeiro-ministro do Canadá, Paul Martin, ontem, para uma platéia de empresários brasileiros e canadenses, em São Paulo, parecia vir de outro mundo. Menos de quatro anos depois de seu antecessor, Jean Chrétien, ir à rede nacional canadense de televisão e abrir um pronunciamento com a frase "Estamos em guerra com o Brasil", - dizendo que cada avião vendido pela Embraer extinguia seis empregos no Canadá, Paul Martin passou as 10 páginas de sua fala lembrando as afinidades entre os dois países. Bem humorado, abriu o discurso com uma piada: "Hoje de manhã, quando falava francês com um dos meus colegas, alguém disse que era o pior português que ele já tinha ouvido. Por isso vou falar inglês".

"Tanto o Canadá como o Brasil são sociedades imigrantes e possuem populações aborígenes significativas. Mas compartilhamos mais do que isto", disse o premier. Ele lembrou o papel do grupo canadense Light do Brasil que fez as primeiras linhas de bondes elétricos no país. "Foi uma parceria que durou muitas décadas, moldou famílias e forjou amizades, tanto aqui como no Canadá". Segundo Martin, a Light faz lembrar o progresso que os dois países podem gerar quando trabalham juntos. "É neste contexto que desejo falar de parcerias - entre o Canadá e o Brasil e entre governos e o setor privado", disse. Martin elogiou as políticas sociais do governo Lula, previu que a economia brasileira deve continuar a crescer e minimizou, embora reconheça "uma certa tensão" remanescente, a disputa entre a Bombardier e a Embraer. "Temos muito orgulho da Bombardier como o Brasil tem da Embraer", disse, e garantiu que os dois governos trabalham duro para chegar a uma solução duradoura.