Título: Garotinho quer PMDB fora do governo
Autor: Wallace Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/11/2004, Política, p. A7

O ex-governador e presidente do PMDB do Rio, Anthony Garotinho, fez um apelo na tarde de ontem, durante a reunião do partido no Estado, para que os deputados não compareçam ao almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, previsto para quarta-feira. O encontro pode ser a última cartada do governo para manter o PMDB na base do Congresso.

Ontem, o PMDB fluminense apresentou quatro propostas à direção nacional da legenda: um candidato próprio à Presidência da República; a realização de prévias para a escolha do candidato; a mudança do nome da sigla para MDB (Movimento Democrático Brasileiro); e, a mais polêmica de todas, que o partido entregue os cargos ao governo federal.

Segundo Garotinho, o estatuto do partido será aplicado caso alguém assuma posição contrária após a votação nacional. "Vamos fazer valer a disciplina partidária. Quem não entregar os cargos ao governo, vai ter que sair, disse o secretário de Segurança ."

As palavras do ex-governador ganharam força com a afirmação do presidente da legenda Michel Temer. "Não haverá hipótese de licença, pois parecerá uma farsa", afirmou Temer que garantiu ainda que a posição será levada à convenção nacional do partido, prevista para 12 de dezembro

De acordo com Garotinho, "é melhor ter um partido de poucos, com direção definida, do que um partido de muitos, sem orientação".

Hoje o PMDB ocupa dois ministérios no governo Lula -Previdência Social, com Amir Lando e Comunicações, com Eunício Oliveira- e vários cargos de segundo e terceiros escalões. A sigla está dividida em três frentes. Uma que quer continuar com o governo, outra que defende uma postura de independência em relação ao Planalto. A última frente defende a ida do PMDB para a oposição ao governo. Lideram esta frente os governadores Rosinha Matheus (RJ) e Jarbas Vasconcelos (PE). "Não faremos o que o PT fez. Uma oposição radical e incompetente", afirmou Antony Garotinho.