Título: Vicunha expande parque fabril no Ceará
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B13

Empresa investirá US$ 50 milhões para ampliação de unidades, aumentando a produção em 2 milhões de metros de tecidos. A Vicunha Têxtil anunciou ontem a disposição de investir o equivalente a US$ 50 milhões na ampliação de seu parque fabril no Ceará, onde comanda quatro unidades de produção. Os recursos, 60% financiados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), contemplam novas instalações físicas e maquinário para as fábricas de Maracanaú e Pacajus, respectivamente, a 11 e 48 quilômetros de Fortaleza (a capital também abriga uma indústria do grupo), permitindo o aumento da produção em mais 2 milhões de metros de tecidos por ano, entre índigo e brim.

Segundo o presidente executivo da empresa, Pedro Felipe Borges, o projeto deverá estar concluído até o final de 2005, quando entra em fase de pré-operação. O Ceará responde por cerca de 90% do índigo produzidos pela companhia, que emprega 6 mil funcionários diretos no Estado ou 60% do global do País. A expansão prevista para as unidades cearenses, nesta etapa, sinaliza para abertura de 780 postos de trabalho.

No passado, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e BNB, além de recursos próprios, a empresa construiu uma unidade em São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, injetando no mercado mais 1 milhão de metros de tecidos por mês, e modernizou a fábrica de Pacajus - trocou 90 teares antigos por novos -, aumentando a produção em até 500 mil metros lineares por mês já neste ano. Os investimentos alcançaram US$ 82 milhões.

A assinatura do protocolo de intenções para expansão da companhia no Ceará foi assinado ontem, entre o governador, Lúcio Alcântara, o presidente do Conselho, Ricardo Steinbruch, e o presidente executivo da empresa. A proposta vem respaldada no Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), implementado no âmbito da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE) e, para o titular da pasta, Francisco Régis Cavalcante Dias, a investida "demonstra a credibilidade do Estado no cenário nacional, resultado de uma política consistente e infra-estrutura moderna."

Presença no exterior

A investida reforça a competitividade da empresa, que atua em cerca de 80 países, com aumento da capacidade de produção para cerca de 12 milhões de metros de índigo e brim por mês, e considerada uma das cinco maiores fabricantes mundiais do setor. A Vicunha, com 35 anos de mercado, concentra 14 fábricas, 8 no Nordeste, que representam cerca de 60% da receita.

O fortalecimento das exportações, que deverão representar 40% do faturamento, em 2005, envolve além da instalação de escritório comercial em Xangai, na China - já anunciado e previsto para operar a partir de janeiro de 2005 - outro em Bogotá ou Medelin (grande pólo têxtil consolidado e com produção dirigida aos Estados Unidos,) na Colômbia, ambos com depósito de produtos para pronta-entrega, diz Borges. "É a semente para a implantação de futuras fábricas nos dois países," afirma o presidente executivo da companhia, para quem o projeto de novas indústrias, vem sendo analisado e, se depender da disposição do grupo, a proposta será levada adiante no prazo estimado de 12 meses.

A Colômbia representa a possibilidade de expansão das exportações, já que a partir do próximo ano, caem as cotas do acordo Multifibras, enquanto a China, forte no segmento de confecções, tende expandir negócios para o mundo todo. A Vicunha só exporta confecções em malha para os mercados europeu e norte-americano. "A idéia é manter uma planta brasileira para fabricar calças para exportação", adianta o executivo.

Cada unidade no exterior corresponderia a investimentos entre US$ 80 milhões e US$ 100 milhões, estratégia que não exclui a possibilidade de parcerias internacionais, pois a companhia "busca crescer sem endividamento", segundo Borges. A Vicunha quer marcar presença no mercado asiático, contando com produtos diferenciados e, diz o executivo, tem condições competitivas para isso.

No mercado externo, a empresa conta ainda com escritórios na Suíça e na Argentina e depósito em Roterdam, na Holanda, além de representantes comerciais em outros mercados, e trabalha ainda no o escritório dos Estados Unidos, que deve funcionar com apoio de um depósito de tecidos de alto valor agregado, permitindo agilizar os negócios. A companhia fechou o último trimestre com lucro líquido de R$ 15,1 milhões.