Título: Vendas de manufaturados puxam exportações baianas
Autor: Alvaro Figueiredo
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B13

De janeiro a outubro, comercialização externa do estado atingiu US$ 3,2 milhões; expectativa é de aumento de 20% no ano. Liderada pela vendas de automóveis, principal produto de exportação no mês, a forte recuperação das exportações de manufaturados em outubro - que cresceram 19,3% - levaram as vendas externas da Bahia a atingir US$ 3,2 bilhões no acumulado do ano, projetando crescimento de 20% para o ano. As importações, que alcançaram até outubro US$ 2,3 bilhões, registraram crescimento de 48% sobre o mesmo período do ano passado, resultado do crescimento industrial. Os dados são do Promo-Centro Internacional de Negócios da Bahia, vinculado à Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração.

O levantamento confirma a tendência de alta das importações, motivada pelo reaquecimento econômico interno, depreciação cambial e recuperação das vendas de manufaturados, após dois meses de retração.

A recuperação das vendas de manufaturados deveu-se principalmente ao desempenho das exportações de químicos e petroquímicos, com embarques de US$ 88,4 milhões, de produtos metalúrgicos com US$ 30,5 milhões, e de calçados com US$ 4,7 milhões. No acumulado dos dez primeiros meses, as exportações de petroquímicos - principal segmento de exportação da Bahia - chegam a US$ 750,5 milhões, 11,5% acima do mesmo período de 2003.

Os embarques físicos ficaram abaixo do verificado em igual período do ano passado em 2,85%, em virtude basicamente da parada de manutenção da Braskem, realizada no período de 15 de janeiro a 18 de fevereiro, o que reduziu a capacidade de produção da empresa em cerca de 50%.

O secretário de Indústria, Comércio e Mineração, José Luiz Pérez Garrido, destaca a importância do fato de que a maior parte desse crescimento nas compras externas está vinculada à aquisição de insumos, matérias-primas e bens de capital, bastante ligados à produção industrial. "Com isso, a produtividade baiana tende se ampliar, com preços mais competitivos, beneficiando ainda mais as exportações", avalia. O secretário afirma que para exportar é preciso exportar e acredita que, a ser mantida, esta tendência ajudará também a segurar uma eventual pressão sobre os preços internos.

O bom desempenho foi também comandado, de acordo com Garrido, pela conjuntura de preços, já que a quantidade de mercadorias embarcadas cresceu apenas 5,4% no mês. O setor de grãos obteve a melhor performance, em especial, o segmento de soja e derivados, cujos volumes tiveram alta de 141%, e as receitas, um aumento de 220,4%.

Colaborações significativas vieram das vendas de óleo e farelo, já que as vendas de grãos estão menores, refletindo a situação atual do mercado internacional, marcado pelas perspectivas de safra recorde nos Estados Unidos e aumento da oferta também no Brasil e na Argentina e, consequentemente, por preços menos competitivos que os vigentes até então, avaliam os técnicos do Promo.

O setor de calçados, principalmente os de couro natural, tiveram crescimento de 90% no período, motivado pelo aumento de 75% no volume físico embarcado e pela diversificação de mercados. Vários países como Itália, Portugal, Espanha e Alemanha, estão comprando mais calçados do país, que buscam junto às fábricas locais parcerias de abastecimento.

Outro setor que impulsionou a recuperação das vendas de produtos manufaturados foi o metalúrgico que registra no acumulado do ano, exportações de US$ 311,3 milhões, cerca de 72% superiores a igual período de 2003. Esse desempenho deve-se a elevação dos preços internacionais do aço, ferroligas e especialmente o cobre, além da melhoria do mix de exportação, com a venda de itens com maior valor agregado (fios de cobre e billets de ferro e aço) em detrimento dos semi-acabados.

As importações em alta não assustam. Os bens de consumo responderam, até outubro, por 10,6% da pauta de importados, enquanto que os bens de capital , constituídos de peças, máquinas e equipamentos, e as matérias primas e insumos somam mais 76% do total.

Estes percentuais estão de acordo com estudos realizados que indicavam a necessidade do país investir cerca de US$ 100 bilhões em máquinas e equipamentos, dos quais 70% deveria vir fora do país. Isto está se concretizando já em 2004. A utilização da capacidade instalada está em alta e mostra que o empresário está modernizando seu parque industrial, contribuindo inclusive para a produção de bens que serão exportados.

kicker: Importações alcançaram US$ 2,3 bilhões até outubro, com alta de 48%