Título: Técnicos discutem a adoção de Conta Satélite em turismo.
Autor: Ângelo Castelo Branco
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B14
Objetivo é constituir uma base com números confiáveis e comparáveis do setor em termos nacional e estaduais. Cinqüenta técnicos do Governo Federal e dos estados do Norte e Nordeste participam no Recife do 1º curso de Conta Satélite de Turismo, tido pelos experts como primeiro passo para a unificação nacional dos indicadores da atividade, a criação da conta-satélite do setor no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e a implantação de um sistema estatístico sobre a indústria turística.
O evento tem como principais estrelas dois dos maiores especialistas no mundo - Juan Falcone, da Organização Mundial do Turismo (OMT), e Salvador Marcone, da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) - convidados a repassar aos participantes seu know-how em conta-satélite e metodologia de cálculo.
"Esta capacitação é apenas o início do processo. O que visamos é constituir uma base com números confiáveis e comparáveis do turismo no Brasil e nos estados, pois enfrentamos dois problemas: a carência de informações e a diversidade de metodologia no cálculo dos indicadores existentes", explica Gilda Santiago, chefe da Coordenação das Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Diagnóstico
Este quadro leva a um sub-dimensionamento da atividade e a inviabilidade de se ter um diagnóstico confiável sobre o turismo em nível do País e dos estados. "É preciso evitar que cada estado trabalhe com conceitos completamente diferentes na análise do setor", diz Alexandre Valença, secretário de Desenvolvimento Econômico.
Em Pernambuco, as avaliações preliminares da Agência Estadual de Planejamento Condepe/Fidem, apontam que o segmento tem uma participação de 12% no PIB local.
Mas trata-se apenas de uma estimativa, assim como as da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) que indicam um PIB do turismo, em 2001, de R$ 29,5 bilhões no Brasil, R$ 12 bilhões no Sudeste, R$ 9,7 bilhões no Nordeste, R$ 4,9 bilhões no Sul, R$ 1,6 bilhão no Centro-Oeste e R$ 1,1 bilhão no Norte.
Os estudos da Fipe mostram que embora o Sudeste responda pela maior receita, é no Nordeste onde a atividade tem maior participação no PIB total da região (6,32%), mais que o dobro da média nacional (2,5%).
Em segundo lugar, vem o Sul (2,34%), seguido pelo Norte (2,21%), Centro-Oeste (2,14%) e, na lanterna, o Sudeste (1,75%). Ou seja, a indústria turística tem maior importância econômica exatamente nas áreas menos desenvolvidas do País.
"Mas como tudo isso são apenas estimativas e existe uma variação enorme de cálculos no Governo Federal, instituições de ensino e pesquisa e governos estaduais, há dificuldade para o planejamento, definição de estratégias e decisão de investimentos privados e públicos", diz o gestor de Estudos e Pesquisa da Agência Condepe/Fidem, Maurílio Lima. "Com a unificação, o quadro vai mudar radicalmente. O turismo será desagregado, numa conta-satélite, no cálculo do PIB do Brasil e dos Estados realizado pelo IBGE.
kicker: O Sudeste responde pela maior receita e o Nordeste tem maior PIB