Título: Competência operacional atenua custo de frete
Autor: Ariverson Feltrin
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/11/2004, Relatório - Exportações Brasileiras, p. 2

Portos melhoraram com a privatização, mas há queixas de empresas quanto às tarifas cobradas nos embarques. D e todo o volume que o Brasil exportou em 2003, 95,5%, 306,6 milhões de toneladas, foram embarcados em navios. Em valores, dos US$ 73,1 bilhões, 82,5% (US$ 60,3 bilhões) resultantes saíram por mar. Como os navios são preponderantes e os portos a porta de saída, a competência operacional dos terminais é fundamental. Desde a privatização dos serviços portuários brasileiros, em 1993, há uma sensível evolução nessa competência. Até porque a iniciativa privada precisa ter resultado e, para isso, precisa ter custos enxutos e agir com rapidez e racionalidade diante dos desafios impostos por seus clientes.

Nesse aspecto, o porto de Santos, fundado em 1892, além de porta de entrada de 25,3% do valor importado pelo Brasil respondeu por 27,8% daquilo que o Brasil exportou. O terminal mais exportou do que importou, logo respondeu por um superávit de US$ 8 bilhões, um terço do que o País registrou em azul na balança comercial.

Além dos portos operados por empresas autônomas, vários dos principais embarcadores do País mantêm terminais próprios, o que certamente favorece ganhos de produtividade e custos. A Cargill Agrícola, quinto maior exportador brasileiro de janeiro a setembro de 2004, com US$ 1,3 bilhão de remessas, tem há duas décadas seu terminal privativo no Porto de Santos (SP). Foi uma das pioneiras a ter espaço cativo numa época em que porto brasileiro era sinônimo de dificuldades infindáveis.

Está claro que, hoje, a qualidade da exportação passa pela boa logística e, nesse aspecto, um balizador do sucesso das vendas externas está estreitamente ligado à presteza e confiabilidade dos portos. Richard Schües, diretor da Volkswagen Transport, o braço de transporte e logística da Volkswagen (a subsidiária brasileira foi a sexta maior exportadora de janeiro a setembro de 2004, com US$ 1,17 bilhão) diz que os custos praticados em Santos para exportações de veículos são aceitáveis "comparados com outros portos no Brasil e no exterior" e a exportação em contêineres "ficou competitiva".

A Volkswagen, que utiliza preponderantemente o porto de Santos nas exportações, segundo Schües, faz coro à reivindicação consensual dos usuários do terminal: é preciso melhorar principalmente o acesso para caminhões e a dragagem para a passagem dos navios. Ainda de acordo com o executivo, os terminais especializados em contêineres de Santos, "podem ser comparados hoje com muitos terminais de contêineres de bom nível no exterior". "Com melhor acesso, principalmente rodoviário, o índice de produtividade pode subir ainda mais".

Na análise geral, notadamente sobre o Porto de Santos, o diretor da Volkswagen Transport tem uma avaliação positiva. "Se compararmos as condições existentes hoje com os níveis de produtividade e preços praticados antes da privatização podemos verificar que houve numa evolução muito acentuada". Participante da lista das 30 maiores exportadoras do País ¿ responsáveis por vendas de US$ 408,8 milhões de janeiro a setembro ¿ a Braskem faz também uma avaliação positiva sobre os portos que utiliza para embarcar seus produtos (resinas) para Estados Unidos, Europa e Ásia. A empresa utiliza os terminais operados pela Wilson Son´s de Salvador (BA) e Rio Grande (RS).

"Se compararmos com a situação anterior, antes da privatização, veremos que mudou para melhor. Há mais produtividade mês a mês", diz a diretora de logística da Braskem, Isabel Figueiredo. Para ela, no entanto, apesar disso e de alguma queda nas tarifas, "pagamos ainda muito se compararmos com portos como Roterdã e Antuérpia", diz. O Brasil ainda precisa reduzir em 50% as tarifas portuárias para competir nesse item fundamental da logística".