Título: Concessão de indultos faz Cuba cortar relações com Panamá
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2004, Internacional, p. A-9

O governo cubano anunciou oficialmente, ontem, a ruptura de relações com o Panamá, devido ao indulto dado a quatro anticastristas condenados por planejar um atentado contra Fidel Castro. "Estão rompidas por tempo indefinido as relações diplomáticas entre a República de Cuba e a República do Panamá, um Estado que demonstrou ser incapaz de evitar a monstruosa ação que acaba de ser feita contra o povo de Cuba", diz um comunicado oficial divulgado em Havana.

Os anticastristas indultados são Luis Posada Carriles, Gaspar Jiménez, Pedro Remón e Guillermo Novo, a quem Cuba acusou de planejar um atentado com explosivos contra Fidel Castro, durante a X Cúpula Ibero-americana no Panamá, em 2000. Eles foram condenados nesse país por crimes contra a segurança coletiva e falsificação de documentos.

O comunicado fala em atuação "astuta e vergonhosa" da presidente do Panamá, Mireya Moscoso. Ontem à noite, Moscoso concedeu o indulto aos quatro anticastristas, que têm um longo histórico criminoso na ilha. O indulto foi dado horas depois de o governo panamenho expulsar o embaixador cubano, Carlos Zamora, "em uma manobra destinada a criar as condições para a libertação dos terroristas", afirma o comunicado.

"Esta última ação da Presidenta Moscoso, em aliança com o governo dos Estados Unidos e com a máfia terrorista de Miami, a apenas uma semana do fim de seu mandato presidencial, é o ápice do processo de comprometimento com o terrorismo contra Cuba", diz a nota.

Este processo, segundo Havana, começou em 10 de abril de 2001, quando Moscoso rejeitou a solicitação de extradição apresentada por Cuba para julgar os quatro terroristas na ilha. Os terroristas indultados "não são mais que vis delinqüentes comuns, terroristas e mercenários, que, ao tentar o assassinato do camarada Fidel, teriam também provocado a morte de centenas de filhos do povo panamenho", diz o comunicado.