Título: Pobreza cresceu entre americanos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2004, Internacional, p. A-10

Segundo relatório do censo, há 35,9 milhões de pobres e 45 milhões não têm seguro-saúde. O número de americanos que vivem na pobreza subiu para 35,9 milhões, em 2003, e o dos que não dispõem de seguro-saúde atingiu um recorde, mostrou ontem o relatório do censo (Census Bureau). No ano passado, 45 milhões de americanos não tiveram cobertura do seguro-saúde, 1,4 milhão a mais do que em 2002, e quase um em cada seis. O número de americanos pobres cresceu em 1,3 milhão, para um em cada oito, segundo o documento.

Os empregadores cortaram os benefícios da assistência médica, pois os prêmios do seguro registraram um aumento de seis vezes em relação à inflação, o maior desde 1990. A taxa de pobreza cresceu, desde que em 2000 atingiu o nível mais baixo em 26 anos, em parte por causa da recessão de 2001, afirma o censo. A renda média dos domicílios americanos ficou em US$ 43.318 em 2003, depois de cair por dois anos.

"A cobertura do seguro-saúde provavelmente continuará caindo, e não está claro se renda e pobreza apresentarão melhoras substanciais", disse Robert Greenstein, diretor executivo do Centro para as Prioridades do Orçamento e da Política, em um comunicado. Entre as fontes de financiamento do grupo de pesquisa de Washington está a Fundação Ford. "Esta incerteza se reflete na atual debilidade do mercado de mão-de-obra".

A economia americana perdeu 61 mil postos de trabalho no ano passado. Três em cada cinco pessoas têm assistência médica através da empresa em que trabalham, disse Heather Boushey, economista do Centro de Pesquisa Econômica e Política de Washington. Várias empresas cortaram benefícios, como Procter & Gamble, Honeywell e Pitney Bowes, que transferiram a maior parte dos custos para os trabalhadores, que pagaram em média 50% mais no ano passado do que em 2000, o último ano em que o número de americanos sem seguro-saúde caiu, informou a Fundação Kaiser Family, de Menlo Park, Califórnia.

Segundo o relatório apresentado ontem, em 2002, 12,5% da população se encontravam na pobreza, em comparação com 12,1%. Em 2003, uma família de quatro pessoas precisava ganhar menos de US$ 18.810 ao ano, e um indivíduo menos de US$ 9.393, para cair abaixo da linha da pobreza, segundo as normas estabelecidas pelo Departamento de Administração e Orçamento.

As pessoas sem cobertura da assistência médica chegaram a 15,6% da população no ano passado. A alta anterior foi de 44,3 milhões, ou 16,3%, em 1998. O censo disse que, em 2002, 1,3 milhão de pessoas deixaram de ter a cobertura garantida por meio de planos das empresas em que trabalhavam. "Trata-se de uma combinação da situação econômica e do aumento do custo da assistência médica", disse Paul Fronstin, economista do Employee Benefit Research Institute, de Washington. "Houve uma queda do emprego na indústria, que historicamente fornecia melhores benefícios do que o emprego no setor de serviços".

Estados mais importantes

O relatório mostrou que, no ano passado, o número de pessoas cobertas pelos programas de assistência médica do governo aumentou de 73,6 milhões, em 2002, para 76,8 milhões. A proporção de crianças sem seguro-saúde se manteve em 11,4% e a taxa entre as crianças que vivem na pobreza foi de 19,2%. Alguns dos Estados considerados fundamentais para o resultado das eleições em que o presidente George W. Bush ganhou ou perdeu por menos de 8 pontos percentuais no pleito de 2000 mostraram reduções nas pesquisas do censo, segundo as médias de 2002-2003 em comparação com 2001-2002. A renda média caiu 3,8% no Arizona e 2,6% na Pensilvânia. O número de pessoas sem seguro cresceu em seis Estados: Washington, Oregon, Nevada, Iowa, Wisconsin, Pensilvânia, e não caíram em nenhum deles.