Título: EUA terão escassez de mão-de-obra
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2004, Internacional, p. A-10

Os Estados Unidos enfrentarão uma escassez de 35 milhões de trabalhadores durante as próximas três décadas, especialmente aqueles com especialização, segundo um estudo da Fundação de Política de Emprego, uma entidade de pesquisa financiada por empresas. Com a aposentadoria de trabalhadores nascidos durante o "baby boom", pós-Segunda Guerra, a economia americana precisa aumentar a produtividade de seus trabalhadores ou admitir mais imigrantes para lidar com a esperada escassez, disse a organização, que representa companhias como a General Motors, Pfizer e Boeing.

"Temos um desequilíbrio entre os empregos disponíveis e as pessoas que não possuem a especialização para preencher esses empregos", afirmou Edward Potter, o presidente da fundação, em Washington, em entrevista para divulgar uma pesquisa anual do mercado de trabalho americano. O grupo patronal diz que o atual debate político durante a falta de aumento de empregos nos EUA, e os temores de terceirização de empregos de tecnologia para Índia e os empregos manufatureiros para a China pode ser confrontado com a tendência de prazo mais longo que se dirige ao sentido oposto.

Desde a desaceleração da economia iniciada em março de 2001, 1,2 milhão de empregos desapareceram, embora aquela recessão tivesse encerrado em novembro do mesmo ano. Segundo a tendência de recessões anteriores, a economia deveria ter acrescido 6,2 milhões de empregos até agora, afirmou o Instituto de Política de Emprego, financiado pelos sindicatos. O Departamento do Trabalho deverá divulgar no próximo 3 de setembro um aumento de 160 mil empregos em relação ao nível de agosto, segundo a média das previsões de pesquisa da Bloomberg. Em comparação, registrou-se uma média de 55 mil novos empregos em junho e julho e 225,4 mil nos cinco primeiros meses do ano.

A campanha de eleição presidencial do democrata John Kerry aproveitou os dados daquele instituto para alegar que o governo Bush não está criando empregos suficientes de qualidade e bem remunerados. A eleição "é uma escolha entre o primeiro governo desde Herbert Hoover a enfrentar um déficit de empregos e uma nova liderança com um plano para criar empregos que pagam mais às pessoas, e não menos do que ganhavam antes", afirmou Kerry em um comício em Nova York na última terça-feira.

Em um evento de campanha em Ridley Park, Pensilvânia, em 17 de agosto, o presidente George W. Bush também prometeu criar mais empregos nos EUA, com a redução de impostos e regulamentação. A tendência de perda de emprego é temporária, segundo o grupo setorial. A população americana com 65 anos ou mais crescerá de 12,4% em 2002 para 20% nas próximas duas décadas, segundo a fundação, e se a melhoria da produtividade for restringida ao aumento médio de longo prazo de 1,8% ao ano, em 2032 os EUA registrarão uma escassez de 35 milhões de trabalhadores. A população americana com 65 anos ou mais crescerá de 12,4% em 2002 para 20% durante as próximas duas décadas, segundo o estudo.