Título: O crime organizado é suspeito de atentados
Autor: Nilo De Mingo
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/11/2004, Nacional, p. A6

Dez ônibus queimados, R$ 1,5 milhão em prejuízos, cinco suspeitos presos, 440 homens do Exército patrulhando ruas e terminais rodoviários, frota de ônibus reduzida em 70% à noite e aulas suspensas no turno noturno, além de medo por parte da população. Esse é o quadro de guerra em que a região metropolitana da Grande Vitória, no Espírito Santo, se transformou desde a quinta-feira da semana passada, quando começou uma série de investidas contra ônibus que fazem o transporte coletivo.

Para o governo do Estado, conforme nota oficial divulgada na noite de segunda-feira, não há dúvidas que se trata de uma ação do crime organizado e do tráfico de drogas. "As investigações detectaram a ação do crime organizado na queima de ônibus, que ocorrem de forma planejada, sempre após as 20 horas e sem o roubo do dinheiro da roleta. Desde janeiro do ano passado, o governo trava uma batalha contra o crime organizado, combatendo os mais diversos tipos de delitos".

Ontem, o secretário de Segurança, Rodney Miranda, informava que os indícios mais fortes levavam para o tráfico de drogas. "Há indícios de que se trate de ações em represália ao trabalho que a Polícia, estadual e federal têm feito no estado no combate ao tráfico de drogas. Espero nos próximos dias ter novidades para apresentar à sociedade e à Justiça", disse após reunião com o vice governador do Estado, Lelo Coimbra. O secretário informou que cinco pessoas já foram detidas e confessaram a autoria dos crimes. Mas os depoimentos e os nomes dos presos permanecem em sigilo.

A onda de vandalismo que se espalhou pela Grande Vitória começou no dia 18 quando três coletivos foram incendiados. No dia seguinte mais dois foram alvo de atentados. No sábado a violência voltou a crescer com mais três ônibus incendiados, e na noite de domingo mais dois coletivos eram atingidos, o último deles quando tropas do 38º Batalhão de Infantaria, sediado em Vila Velha (ES) estavam nas ruas.Na tarde de segunda-feira o carro de um assessor do governador, estacionado nas imediações do Palácio Anchieta, sede do governo do Estado, foi parcialmente incendiado. A cúpula da Segurança, entretanto, preferiu, em princípio, não associar o caso aos atentados contra os ônibus.