Título: Incentivo definirá local de refinaria
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Fonte: Gazeta Mercantil, 24/11/2004, Energia, p. A6
O incentivo fiscal será o diferencial para a escolha da localização da nova refinaria da Petrobras que terá foco na produção de diesel, e, ao contrário das expectativas, só deve entrar em operação em 2012. A capacidade variará de 150 mil a 200 mil barris diários.
A unidade, que será a primeira desde a década de 1970, exigirá entre US$ 2 e US$ 2,5 bilhões em investimentos, e será construída com parceiros. Entre os possíveis candidatos está a estatal venezuelana PDVSA, informou o gerente-executivo da estatal brasileira na área de abastecimento e refino, Alan Kardec Pinto.
A intenção da Petrobras é ser minoritária no projeto, e para isso, tem reservado cerca de US$ 1 bilhão, que corresponde a 11% do total do orçamento da área até 2010, de US$ 8,6 bilhões.
"Existem vários atores interessados nesse mercado e posso dizer que a PDVSA é um dos mais interessados e tem nos procurado", disse o executivo a jornalistas após palestra em um seminário sobre refino, promovido pelo Instituto Brasileiro do Petróleo.
Kardec Pinto ressaltou que, além do incentivo fiscal, serão levados em conta para a escolha de parceiros e de localização o uso de matéria-prima nacional, o custo logístico e o porte do mercado.
A construção de uma nova refinaria pela estatal é um dos assuntos polêmicos do atual governo e que vem se arrastando desde 2003. A Petrobras não vê pressa em aumentar a capacidade de processamento de petróleo para atender à crescente demanda, enquanto agentes do setor prevêm um "apagão do refino" se a nova unidade não ficar pronta até 2010, com pressão sobre a balança comercial por causa de importação maior de derivados de petróleo.
"Se não tiver uma nova refinaria, o país passará a ser um grande importador de diesel e nafta", afirmou o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Alexandre Szklo, presente ao evento. Para o secretário estadual de Energia do Rio de Janeiro, Wagner Victer, a situação é mais grave do que o governo federal demonstra.
Segundo estudo encomendado por ele à KBR, uma subsidiária da americana Halliburton, em parceria com a construtora Andrade Gutierrez e a Sondotécnica, o déficit na capacidade de refino se dará a partir de 2010 se a economia crescer 3,1% ao ano e o aumento de consumo de derivados 2,7%.
"Mas, diante de um possível crescimento maior, o déficit poderá vir antes e o governo vai gastar milhões de dólares a mais", alerta Victer, que vem travando campanha para construção da nova refinaria no Estado do Rio. Mais 11 Estados disputam a obra.
A Petrobras refina atualmente nas suas 11 unidades 1,7 milhão de barris de petróleo diários --mas tem capacidade para 1,9 milhão-- e pretende chegar a 2010 processando 2,23 milhões de barris diários, aumento que está sendo obtido com a ampliação das unidades em funcionamento atualmente.