Título: Gerdau planeja ser a maior em aços longos nos EUA
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/11/2004, Indústria & Serviços, p. A-11

Produção em território norte-americano deve subir 2 milhões de toneladas. O grupo Gerdau planeja nos próximos dois anos ampliar sua capacidade de produção em cerca de 2 milhões de toneladas de aços longos na América do Norte, através de novas aquisições. Com esse volume adicional, a Gerdau se tornaria o maior fabricante de aços longos dos Estados Unidos, ultrapassando a Nucor, maior siderúrgica norte-americana, que produz 9,4 milhões de toneladas de longos atualmente. Segundo o vice-presidente sênior do grupo Gerdau, Frederico Gerdau Johannpeter, a empresa recebe de três a quatro propostas por semana de empresas - "localizadas acima do Equador" - interessadas em serem vendidas ao grupo. "Somos consolidadores. Examinamos caso a caso" disse Frederico.

"O projeto na América do Norte para os próximos 24 meses é de adquirir operações de corte e dobra de aço. Nesse horizonte de dois anos ainda existem alguns nomes, que representam boas operações", disse o vice-presidente financeiro e diretor de relações com investidores, Osvaldo Burgos Schirmer. A Gerdau Ameristeel possui 14 usinas siderúrgicas, 30 unidades de corte e dobra de aço (vergalhões) e 13 unidades de transformação. A capacidade de produção atinge 8,4 milhões de

toneladas curtas de aço por ano.

"Também podem surgir oportunidades na América Latina, mas o vigor do mercado e as altas de preços no mercado internacional elevaram o preço dos negócios. Talvez o momento correto para fazer as aquisições seja depois que se acalmar esse ciclo", disse Schirmer, que afirmou que o México também é um país interessante, embora não exista nada sendo discutido no momento.

Na América do Norte, disse Schirmer, depois de esgotadas as possibilidades para longos, que não seriam superiores a 2 milhões de toneladas, sobraria o setor de planos. "Ao menos que surjam mudanças no Brasil e na América Latina de outros `players¿ de planos, já que não se tem notícia nenhuma de que alguém esteja vendendo. Mas as coisas mudam, e se houvesse que preferir entre a América do Norte e aqui, nós preferimos aqui", disse Schirmer, que não acredita em um negócio envolvendo a Usiminas e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). "Não existe nada a curto e médio prazo. Adorariamos ter empresas como a CSN e a Usiminas, mas nenhuma das duas estão disponíveis. Havendo uma inversão desse panorama, seria uma prioridade", disse Schirmer.

Segundo o executivo, em relação a aquisições de longos no Brasil, "não há mais o que fazer". "O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não deixaria. E o grupo Arcelor, pelo que sabemos, não vai vender suas posições. Vamos manter nosso market share e acompanhar o crescimento vegetativo no País", disse. Em 2005, com a aquisição da North Star e a nova usina de Araçariguama (SP), a Gerdau deverá passar para a 12 posição no ranking mundial das maiores produtoras de aço, com uma capacidade de 17,3 milhões de toneladas anuais, segundo a Metal Bulletin. Em 2007, deverá atingir 19,72 milhões de toneladas. Atualmente, soma 16,38 milhões de toneladas. Em 2003, a empresa ocupava a 14 posição, com 12,3 milhões de toneladas.

Entre 2005 e 2007, a Gerdau planeja investir US$ 2,2 bilhões, sendo US$ 770 milhões em 2005, US$ 795 milhões em 2006 e US$ 670 milhões em 2007. As expansões já programadas serão nas usinas de Ouro Branco (MG), Cosigua (RJ), Usina (BA) e na Aços Finos Piratini (RS), além da construção da usina de Araçariguama. Segundo Schirmer, a decisão da venda de 10% das ações ordinárias da Gerdau S.A não visa uma aquisição de ativos. "O objetivo da operação é único: criar uma referência de preços para as ações ordinárias melhor que a referência dada tão somente pela cotação das preferenciais", disse. Segundo ele, os volumes são muito pequenos para uma aquisição de ativos. O negócio, disse Schirmer, deve gerar um montante equivalente a US$ 170 ou US$ 180 milhões no leilãoprevisto para 13 de dezembro.