Título: Telefonia garante expansão da Siemens
Autor: Thaís Costa e Rosana Hessel
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/11/2004, Primeira Página, p. A1
Grupo alemão obtém 55% de seu faturamento no Brasil com produtos de telecomunicação. Ao contrário do que ocorreu na Alemanha, onde a divisão de telefonia registrou prejuízo de cerca de ¿ 100 milhões, aqui ela foi o segmento que obteve a maior e melhor participação no balanço da Siemens do Brasil. Dos R$ 6,2 bilhões faturados até 30 de setembro pelo grupo, 55% foram decorrentes da produção, venda e exportação de equipamentos de PABX, telefones celulares, modens ADSL e centrais telefônicas. "É uma desproporção (no bom sentido) que gostaríamos de corrigir expandindo os outros setores", afirmou Adilson Primo, presidente do grupo.
Os restantes 45% foram repartidos pelas outras cinco divisões da gigante de origem alemã - energia (13%), transporte (10%), automação e controle (15%), medicina (3%) e iluminação (4%).
O salto de 45% registrado nas vendas deste ano em relação ao anterior igualmente resultou da boa performance do setor de telecomunicações brasileiro. "O mercado teve comportamento mais aquecido do que prevíamos", afirmou Aluízio Byrro, vice-presidente da Siemens e diretor geral da área de comunicações, referindo-se às encomendas de infra-estrutura das operadoras móveis.
Está previsto que em 2005 o aquecimento das vendas de estações radiobase GSM continue, e parte disso já está sendo capturado neste último trimestre do ano, que representa para a Siemens o primeiro período do ano fiscal de 2005.
Para estar preparada, a empresa reforçou a compra de insumos e componentes, porque a capacidade das duas fábricas - Curitiba e Manaus - tem flexibilidade para aumentar a produção. Foram investidos US$ 20 milhões ao longo do ano para esta expansão.
Até mesmo as operadoras fixas, que não faziam compras desde 2001, quando anteciparam as metas da Anatel, voltaram ao mercado. A Telemar, por exemplo, fez uma grande encomenda de centrais à Siemens, para levar telefonia a 4,5 mil localidades do Norte e Nordeste que têm 300 e 600 habitantes. Conforme as regras da agência, em 2005 o primeiro grupo deverá ter telefone público e o segundo, residencial.
A Siemens está transferindo a produção de modens ADSL, de banda larga, de Curitiba para Manaus, ao mesmo tempo em que amplia a produção para 500 mil por ano, em busca de ganho de escala e break even. No entanto, segundo Byrro, o mercado doméstico não tem perspectivas tão positivas de crescimento para absorver o aumento da produção, levando a Siemens a buscar exportar o produto. "Queremos colocar 350 mil modens no Brasil e exportar o restante para a América Latina", afirmou. Um terço do reparte local foi encomendado pela Telemar.
A limitação para o mercado de ADSL está na distribuição de renda. "As próprias operadoras tinham expectativa de demanda de 1 milhão de modens, mas não deverão vender nem 700 mil", previu o executivo.
Celulares GSM
O capítulo de celulares é objeto de comemoração pela Siemens, que entrou há dois anos no mercado e já conquistou um terço dos telefones da tecnologia GSM. Segundo estimativas, cerca de 20 milhões de telefones totalizarão as vendas do ano, sendo que a metade poderá ser de GSM - 10 milhões -, a tecnologia que a Siemens detém. "Temos um terço desse mercado", estimou Byrro, enquanto a parte de estações radiobase está estimada em 38%. As operadoras que utilizam GSM são a BrT Celular, Oi, Claro e TIM, cabendo o CDMA unicamente à Vivo.
As perspectivas para o segmento de celulares continuarão positivas no ano que vem, em função de a penetração ser ainda baixa no Brasil, de 33%. "Há condições de atingirmos 50% e isso deve ocorrer ao longo de 2005 e em 2006", previu Byrro.