Título: Lucro do BB vai a R$ 2,3 bilhões
Autor: Adriana Cotias
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/11/2004, Finanças e MErcados, p. B1

Resultado em nove meses é paralelo à expansão da base de clientes, que soma 20,7 milhões. O Banco do Brasil (BB) encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 833 milhões e elevou o resultado acumulado do ano à casa dos R$ 2,3 bilhões, valor que incrementa em 29,2% os ganhos obtidos no período janeiro-setembro de 2004. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido chegou a 23,8%. No fechamento de 30 de setembro, os ativos do maior banco brasileiro totalizavam R$ 235,6 bilhões.

Conforme destacou a diretoria-executiva do banco, o desempenho veio com a expansão da base de clientes em todas as segmentações e com a maior oferta de crédito. "O crescimento da base gera economias de escala e maior consistência nos resultados", disse o presidente interino do BB, Rossano Maranhão Pinto, funcionário de carreira do banco, cotado para assumir o cargo definitivamente após a saída de Cássio Casseb Lima.

O BB contabilizava ao fim do terceiro trimestre 20,7 milhões de clientes, 2 milhões a mais do que tinha em setembro do ano passado. Neste mesmo intervalo de tempo, a carteira de empréstimos foi elevada em 15,9%, a R$ 84,1 bilhões, com destaque para as operações de varejo - micro, pequenas e médias empresas e consumo. Para a carteira global, é previsto para 2004 um crescimento de 20%.

Até o terceiro trimestre, só os saldos destinados às pessoas físicas aumentaram 24,2%, a R$ 14,2 bilhões, enquanto as aplicações voltadas para o segmento de micro e pequenas empresas totalizaram R$ 11,7 bilhões. No ramo de grandes empresas o portfólio cresceu 8%, chegando a R$ 26,5 bilhões. "No atacado, o incremento da demanda só foi sentido a partir de junho e o mercado de capitais tem sido um canal substituto do crédito bancário", comentou o vice-presidente de Negócios Internacionais e Atacado, Antonio Francisco de Lima Neto. "E com o bom desempenho das exportações melhorou muito o fluxo de caixa das empresas, o que explica a baixa necessidade de crédito."

Os recursos endereçados ao agronegócio, carro-chefe do BB, tiveram aumento de 3,6%, a R$ 25,7 bilhões. Os desembolsos para investimento, incluindo repasses do Banco Nacional de Desen-volvimento e Social (BNDES) e outras origens, somaram, no ano, R$ 4,8 bilhões, enquanto a carteira de comércio exterior cresceu 19,6%, a R$ 6,7 bilhões até setembro, encostando nos R$ 8 bilhões em outubro.

Entre um exercício e outro, o resultado bruto da intermediação cresceu 3,3%, a R$ 7,2 bilhões. "Num cenário de compressão dos spreads, o banco procurou compensar as taxas de juros relativamente menores com aumento dos volumes de emprestados", disse o gerente de Relações com Investidores, Marco Geovanne Tobias da Silva.

A tônica mais agressiva nas linhas de crédito massificadas - com juros em patamares menores do que os bancos privados - acabou gerando mais despesas com provisões para créditos de difícil liquidação. Nos nove primeiros meses do ano, essas reservas aumentaram 49,3%, a R$ 3,6 bilhões.

Mesmo assim, as operações classificadas entre "AA" e "C", nas melhores notas de risco segundo uma escala de nove degraus do Banco Central (BC), correspondiam a 91,8% dos valores emprestados. O saldo total de provisões equivalia a R$ 5,4 bilhões, com um adicional de R$ 999 milhões sobre as reservas minimamente requeridas.

Na ponta de captação, os depósitos cresceram 11,6%, a R$ 115,1 bilhões. O BB ainda ganhou reforço patrimonial com uma operação de dívida subordinada de US$ 300 milhões. Com isso, o índice de Basiléia - que mede o capital necessário para fazer frente aos ativos ponderados por risco - estava em 15,7%, acima dos 11% exigidos pela regulamentação brasileira. De acordo com Tobias da Silva, a atual capitalização permitiria ao BB elevar a carteira de crédito em mais R$ 55,2 bilhões. Na demonstração de resultados, o incremento das receitas de serviços também deu sua contribuição ao desempenho consolidado. A arrecadação cresceu 23,6%, a R$ 4,9 bilhões.(