Título: BBM faz primeiro leilão de floresta
Autor: Alexandre Inacio
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/11/2004, Agribusiness, p. B12

A Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), órgão ligado ao governo do estado, realizaram ontem o primeiro leilão de floresta do Brasil. Os 17,5 mil m³ de uma área de 27 hectares foram arrematados por R$ 1,42 milhão por uma empresa paranaense, que não teve o nome divulgado. A empresa terá sete meses para retirar as árvores da área, que será recomposta com espécies nativas do estado.

"A floresta é de pinnus ellioti, uma variedade de árvore que pode ser usada para processamento tanto pela indústrias de móveis quanto para produção de papel, era do governo do Paraná, que não tinha idéia do valor econômico do produto", afirma Edilson Alcântara, diretor-executivo da BBM.

O valor do metro cúbico foi cotado a R$ 81,5, um ágio de 10,8% sobre o preço mínimo imposto pelo Iapar, de R$73,5. "Esse valor comprova que o leilão é uma alternativa rentável, principalmente para produtores que não encontram compradores e ficam limitados a vender seu produto para uma única empresa", afirma Ésio de Pádua Fonseca, diretor administrativo e financeiro do Iapar.

Perspectivas futuras

Com o sucesso do primeiro leilão de uma floresta, a BBM estima que novos negócios possam ser gerados no segmento florestal, não só no Paraná, mas em todo o País. "Acreditamos que será aberto o caminho para que o setor ainda pouco explorado, porém altamente rentável, possa desfrutar das vantagens de um leilão eletrônico", afirma Alcântara.

Só no estado do Paraná existem 1,5 milhão de hectares cultivados com florestas aptas a serem utilizadas pelas indústrias. "Apenas 1,5% da área agricultável do estado é coberta por florestas. No entanto, o setor é responsável por um faturamento entre 20% e 25% do agronegócios paranaense", afirma Fonseca, ao lembrar que a partir de agora os pequenos produtores podem deixar de ser explorados.

A BBM nasceu em 2002, com a fusão de sete bolsas de mercadorias estaduais, geridas pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) de São Paulo. A entidade tem conseguido se consolidar no mercado por meio da realização de leilões de compra e venda de produtos do setor público. "O Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais negociam suas aquisições na bolsa. Até hoje, já movimentou R$ 150 milhões", afirma Alcântara.