Título: Cai a participação do setor público na construção civil
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/08/2004, Nacional, p. A-7
IBGE calcula que presença era de 60% em 1996 e de 52,4% em 2002. A participação dos investimentos da construção civil para a execução de obras públicas caiu de 60% do total, em 1996, para 52,4% em 2002. A Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) 2002, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) abrangendo todo o território nacional, revela que a construção pesada também perdeu espaço no período, passando de 51,4% do valor total das obras para 42,8%.
O levantamento divulgado na sexta-feira revela que em 2002 havia cerca de 123 mil empresas de construção no País, que obtiveram receita bruta total de R$ 86,2 bilhões no ano. Elas empregavam 1,5 milhão de pessoas e pagaram, em salários e retiradas, um total de R$ 12 bilhões, uma média de 3,2 salários mínimos mensais por empregado. A renda mínima no período era equivalente a R$ 195.
A construção pesada detém 39,2% na participação do valor das construções executadas, o equivalente a R$ 28 bilhões. Esse segmento emprega cerca de 389 mil trabalhadores, ou 30% do total de empregados. Das 100 maiores empresas da construção civil, segundo o valor das obras, 42 delas são de construção pesada, que é caracterizada por grandes obras de infra-estrutura.
Setor é carro-chefe do emprego
A construção pesada, considerada um dos carros chefes na geração de emprego no na construção civil como um todo, perdeu peso significativo entre 1996 e 2002, passando de 40,6%, para 32,6% da participação total das ocupações no setor. No período, houve queda na participação da renda do trabalhador, de 46,2%, para 38,3% do total. A PAIC revelou ainda que as grandes empresas da construção pesada - com 500 ou mais empregados - perderam participação nas obras executadas, de 67,6% para 49,4%. O número de empresas desse segmento também foi reduzido, e, com isto, passou de 11,1% para 7,4% na participação total.
Como conseqüência, caiu a parcela das grandes empresas no emprego setorial, de 60,0% para 47,7%, embora essas companhias continuem sendo as mais empregadoras e apresentem faturamento por empregado acima das demais classes. A pesquisa aponta ainda que as grandes empresas diminuíram sua participação no valor das construções executadas para entidades públicas, de 67,5%, no ano de 1996, para 49%, no ano de 2002.
Já as empresas de pequeno e médio porte aumentaram sua participação tanto no número de empresas quanto no emprego e no valor das construções. Os número de pequenas empresas - com funcionários de 40 a 99 - de obras pesadas, por exemplo, no período subiu de 47,8%, para 48,9%, bem como no volume de pessoas ocupadas, quando, em 1996, a participação era de 8,8%, e passou para 13,3% no ano de 2002.
O valor das construções executadas por essas subiu de 7,6%, para 11,9%. A PAIC de 2002 incluiu pela primeira vez dados das empresas com menos de 40 empregados, passando a abranger toda a construção civil brasileira. Para permitir comparabilidade, nos confrontos 1996/2002 são considerados apenas os dados de empresas com 40 ou mais empregados.
Valor da obra e pessoal ocupado
Entre as regiões pesquisadas, São Paulo detém a maior fatia no valor total das obras de construção civil, com participação de 35,3%. Em seguida vem o Rio de Janeiro, com 11,4%, depois Minas Gerais, 7,2%, Bahia, 5,9% e Rio Grande do Sul, 5%. O resultado se repete no pessoal ocupado: São Paulo vem em primeiro lugar, com 28,1%, seguido de Rio de Janeiro, 11,7%; Minas Gerais, 9,2%; Bahia, 6,1% e Rio Grande do Sul, 6,1%.
A pesquisa mostrou que 78,6% da receita bruta, de R$ 86,2 bilhões, gerada pelas empresas do setor da construção civil se devem ao grupo de construção de edifícios e obras de engenharia civil. Dentro desse grupo, as classes de maior receita são edificações, com 44% e obras viárias, 31%.