Título: Fenasan exibe inovações tecnológicas
Autor: Andrea Vialli
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/08/2004, Meio Ambiente, p. A-10

Ganhos ambientais e sistemas para economia de água dão a tônica do que o mercado terá. Apesar das indefinições em relação a um marco regulatório que impulsione os investimentos em saneamento básico em todo o País, o segmento de tecnologias, insumos e equipamentos aposta na crescente necessidade de se tratar efluentes e nas inovações tecnológicas que proporcionem ganhos ambientais aos sistemas de tratamento de água e esgotos. Um dos indicadores desse cenário é a XV Fenasan - Feira Nacional de Equipamentos para Saneamento, que começa hoje, no Expo Center Norte, em São Paulo.

O evento, um dos mais importantes do setor em todo o Brasil, é realizado em paralelo com o XV Encontro Técnico da Aesabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp) - grupo que reúne os principais profissionais de saneamento ambiental da América Latina.

A realização do evento, a cargo da Technical Fairs, recebeu investimentos da ordem de R$ 2 milhões e terá 160 expositores. A expectativa dos organizadores é que 12 mil pessoas visitem a feira. "Dos 160 expositores, se 30 fecharem negócios a partir desta 15 edição da feira, o volume gerado será entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões", afirma Gilberto Martins, diretor técnico-cultural da Aesabesp e um dos organizadores do evento.

Fórum de Tecnologias

Durante o encontro técnico, haverá mais de 50 palestras e mesas redondas, nas quais serão abordados temas como financiamentos para saneamento, gestão e recuperação de mananciais e o marco regulatório. Neste ano, será inaugurado um Fórum de Tecnologias, com o objetivo de discutir dois pontos fundamentais: a busca por qualificação de fornecedores e pela normalização do saneamento, de modo que eventuais novos produtos não entrem no mercado sem o devido enquadramento em normas técnicas. "O objetivo é criar o Programa Nacional de Qualificação de Fornecedores em Saneamento, e também montar uma rede nacional de empresas de saneamento para troca de informações. Isso ajudará o setor a evitar empresas oportunistas e produtos sem qualidade", avalia Martins. O Fórum de Tecnologias já tem 50 empresas participantes.

Secagem de lodos

Entre as novas tecnologias que chegam ao mercado e que serão apresentadas na Fenasan, a Pieralisi do Brasil, empresa do grupo italiano Pieralisi, traz um equipamento para secagem de lodos de estações de tratamento de esgotos (ETE) e de água (ETA), que utiliza o biogás resultante dos processos como combustível. O lodo resultante dessas estações é atualmente um dos resíduos de destinação mais difícil nas grandes cidades, pois podem ocorrer metais pesados em sua composição, o que inviabiliza a disposição em aterros comuns.

O lodo sai do secador como um granulado, que pode ser usado para duas funções: como adubo para a agricultura e como cobertura para aterros sanitários. "Fizemos testes e o lodo seco foi considerado um resíduo Classe A, que pode ser disposto em aterros e usado na agricultura, pelo Instituto Agronômico de Campinas", afirma Estela Testa, diretora comercial da Pieralisi.

O custo do equipamento, que pode secar de 24 mil a 400 mil litros/hora de lodo, representa 5% do investimento de uma ETE. A Pieralisi está com boas perspectivas de mercado em decorrência da lei para disposição dos lodos de aterro na agricultura, que está em preparação pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).

O lodo seco tem ainda a vantagem de compactar o resíduo em até cinco vezes, o que diminui o custo de transporte e destinação.

A Hydrax, empresa do grupo Campjato Saneamento, de Campinas (SP), lança na Fenasan o sistema de substituição de tubulações por método não-destrutivo. O método permite a troca de tubulações antigas ou defeituosas sem a necessidade de se abrir valas contínuas no chão, fato comum quando as empresas de saneamento precisam fazer reparos na rede.

No sistema não-destrutivo, basta abrir uma vala pequena e outra a 100 metros de distância. É introduzido um equipamento na primeira vala, uma haste de aço que alcança a segunda, onde é acoplada uma espécie de faca, um alargador e a nova tubulação, que irá substituir a antiga. "As grandes vantagens são a redução das perdas de água - que, em algumas cidades chegam a 48% -, a do transtorno urbano e dos acidentes com outras tubulações", explica J. Thomaz Pereira Júnior, diretor de marketing da Hydrax.

Com vistas ao mercado favorável para estações compactas de tratamento de efluentes com sistemas de reuso, especialmente em condomínios residenciais, a Alpina Ambiental lança o sistema DBR (Disco Biológico Rotativo), que possui o diferencial de consumir pouca energia elétrica e, por ser modular, trata de 12 metros cúbicos a 480 metros cúbicos por dia. A tecnologia é da venezuelana Rodelca e já está sendo testada no Brasil.