Título: Arábia Saudita decide aumentar capacidade de produção em 14%
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/11/2004, energia, p. A6

A Arábia Saudita, a maior exportadora mundial de petróleo, pretende aumentar sua capacidade de produção em 14% para evitar escassez do produto, num momento de crescimento da demanda, informou o ministro do Petróleo do país. O limite de produção vai subir para 12,5 milhões de barris, a partir dos atuais 11 milhões de barris, disse o ministro Ali al-Naimi sem fornecer um cronograma para o aumento da produção.

O ministro acrescentou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não planeja abandonar o dólar dos EUA como moeda-base para as vendas de petróleo, e recusou-se a reiterar apoio à meta oficial de preços do grupo, de US$ 25 o barril.

``A capacidade ociosa ajuda a assegurar a manutenção da estabilidade dos mercados ao oferecer maior volume de petróleo em tempos de deslocamentos de oferta ou de qualquer escalada extraordinária da demanda", disse al-Naimi em Londres, onde participará do Congresso sobre o Oriente Médio organizado pelo Royal Institute of International Affairs.

A Opep está extraindo o maior volume de petróleo dos últimos 25 anos, em resposta ao crescimento recorde da demanda e dos preços, que alcançaram seu pico de US$ 55,67 o barril a 25 de outubro em Nova York, sustentados na preocupação com a possível escassez e desabastecimento gerados pela situação do Iraque, da Nigéria e da Rússia. As cotações do petróleo caíram cerca de 10% desde então.

A Organização elevou sua cota de produção para 27 milhões de barris ao dia no último dia 1o., a maior meta já registrada para seus 10 países-membros, que adotam limites auto-impostos. O grupo, com sede em Viena, pretende se reunir a 10 de dezembro no Cairo para discutir metas de produção. A Arábia Saudita produz atualmente pouco menos de 9,5 milhões de barris ao dia, disse o ministro.

Sem maior flutuação dos preços, o mais provável é que a Opep não altere as cotas na próxima reunião, afirmou Adam Sieminski, estrategista de petróleo do Deutsche Bank AG. ``Com a aparente estabilidade, o melhor palpite é que não façam nada nessa reunião".

Ali al-Naimi recusou-se por pelo menos duas vezes a especificar o preço do petróleo bruto que pretende assegurar. ``É um preço que satisfaça os consumidores, investidores e produtores", disse. A meta oficial da Opep para os preços do petróleo, centrada em US$ 25 o barril para um parâmetro de vários tipos de petróleo bruto, ``não mudou", afirmou ele. O petróleo da Opep foi comercializado a US$ 38,89 o barril na sexta-feira passada, e desde dezembro do ano passado ultrapassou a faixa-meta de variação de US$ 22 a US$ 28.

Ele preferiu não comentar as descobertas de uma comissão interna da Opep que está examinando se a meta deveria ser elevada. Alguns outros países-membros da Organização, entre os quais a Venezuela, defenderam publicamente a adoção dessa medida. Sieminski, do Deutsche Bank, disse acreditar que a meta ``é agora de US$ 30 para a cesta da Opep.''''

Os investidores do setor petrolífero, que estavam satisfeitos com o nível de US$ 20 o barril para os preços do petróleo na década de 1990, para garantir um retorno de 15 a 16% sobre seus investimentos, precisariam agora de preços de cerca de US$ 30 a US$ 34 o barril para auferir os mesmos lucros, disse o ministro saudita. Os produtores normalmente querem preços de US$ 30 o barril ou mais, e os consumidores geralmente almejam preços mais baixos, disse ele.

A Opep e seus membros estão produzindo atualmente quase no limite de sua capacidade, tentando ``acertar o passo'''' com a demanda, disse o ministro. O aumento do consumo do petróleo é o ``fator primordial'''' do aumento dos preços do petróleo, disse ele. ``O fator medo", ou preocupação com a escassez acrescenta US$ 10 a US$ 15 o barril aos preços, acrescentou.

Al-Naimi esclareceu ainda que o mercado de petróleo está equilibrado agora, com a oferta talvez ``um pouco'''' superior à demanda. Os estoques de petróleo estão ``sendo acumulados com folga". ``Estamos produzindo 9,5 milhões de barris ao dia, e estamos preparados para produzir 11 milhões", afirmou.

O ministro informou ainda que a Arábia Saudita tem planos de passar a produzir 15 milhões de barris ao dia, caso a demanda mundial exija.