Título: José Dirceu descarta volta à Câmara
Autor: Wallace Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/11/2004, Política, p. A7

O ministro garantiu também que o PMDB vai continuar apoiando o governo no Congresso. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu descartou ontem, a possibilidade de reassumir o mandato de deputado federal e concorrer a presidência da Câmara dos Deputados em uma eventual reforma ministerial. "Estou muito bem, feliz no governo e não volto para a Câmara. Faço apenas o que o presidente determinar. Eu quero ficar onde estou. Não é verdade que eu quero ser articulador político do governo e voltar para a Câmara dos Deputados", disse após participar do Fórum de Debates Político Empresarial, promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), em São Paulo.

O ministro afirmou também que sua prioridade é cumprir metas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para com as áreas de infra-estrutura, educação, investimentos na ciência e na tecnologia e a viabilização do sistema de crédito e financiamento imobiliário.

Dirceu, rebateu algumas críticas feitas pelos partidos de oposição, que acusam a atual administração de inflar a máquina administrativa com contratações sem concurso público. Segundo ele, os gastos do governo com o funcionalismo aumentaram porque havia uma defasagem nos serviços públicos desde o último governo e as demandas sociais do País cresceram. "Isso não significa desperdício, pelo contrário. Vai trazer economia, uma melhora no serviço público e na eficiência." Dirceu respondeu à crítica feita na abertura do evento pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. O empresário afirmou que o governo deveria reduzir os gastos públicos como forma de possibilitar a queda da taxa de juros e garantir o crescimento do País em 2005. "Erram aqueles que afirmam que o governo federal tenha uma política irresponsável de contratação de servidores públicos", disse o ministro.

Ainda segundo ele, as contratações foram feitas para acabar com carências administrativas recebidas do governo anterior, as quais ainda estão sendo resolvidas. O ministro-chefe da Casa Civil, negou que o presidente Lula tenha prometido, durante a campanha eleitoral, a criação de 10 milhões de empregos no decorrer de seu mandato. Segundo ele, o que foi dito naquela época é que essa era a carência do País em relação à redução da taxa de desemprego. "Se olharmos a rigor os vídeos da época, o presidente não prometeu criar 10 milhões de empregos. Ele disse que a necessidade do País era de criar 10 milhões de empregos em quatro anos. Mas, nós vamos aceitar esse desafio", ressaltou.

Empregos

Nas projeções de José Dirceu, essa meta deverá ser atingida até 2007, apesar da política "restritiva" aplicada no ano passado. O ministro citou o fato de que apenas neste ano já foram abertas 1,8 milhão de vagas formais no mercado de trabalho. "O País tem condições de criar 10 milhões de empregos em quatro anos", comentou.

Recentemente, integrantes do governo federal, como o ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini, vêm afirmado que o governo Lula não foi eleito com a promessa de criar 10 milhões de empregos. No entanto, os partidos de oposição defendem o inverso e acusa o governo de ter prometido o que não conseguirá cumprir.

Questionado sobre divergências com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci em relação à condução da política econômica, Dirceu disse que, apesar de existirem, ambos têm o objetivo comum de desenvolvimento do País. "Divergências existem, lógico, mas eu e o ministro Palocci trabalhamos há décadas juntos e não é por questões políticas que nós vamos nos desentender porque temos objetivos em comum, que é o País."

Ele defendeu a MP que concedeu status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que deve ser votada nesta semana pelo Congresso. "Se o presidente e os ministros têm, por que o presidente do BC não pode ter?", perguntou irônico.

PMDB

Sobre os partidos da base de apoio ao governo do presidente Lula no Congresso, em especial o PMDB, que ameaça deixar a base, Dirceu garantiu que isso não acontecerá. "O PMDB não vai sair da base do governo, pelas declarações dos senadores e deputados do partido e também pelas declarações da imensa maioria do partido." Ele defendeu ainda a participação da sigla no governo. "É muito importante a participação do partido no governo. Desde 2003 eu defendo isso. O nosso interesse é que o PMDB se entregue cada vez mais ao governo."