Título: Mercosul é estratégico para Coréia exportar mais
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/11/2004, Internacional, p. A10

Em 2005, os governos começarão a negociar queda de tarifas. O Mercosul é estratégico para a política de expansão das exportações da Coréia do Sul. Após o acordo comercial firmado com o Chile em abril deste ano, que tende a se converter na primeira plataforma sul-coreana na América Latina, os governos do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e da República da Coréia começarão a negociar um tratado de livre comércio a partir de 2005.

A meta é estabelecer um acordo amplo com base em preferências tarifárias e tratamento diferenciado para investimentos em algumas áreas, como o setor de serviços. No ano que se aproxima, os governos dos cinco países se dedicarão a montar um relatório sobre as vantagens comparativas e complementares de suas economias. Negociações mais afirmativas, porém, ocorrerão em 2006, com a conclusão dos diagnósticos sócio-econômico dos países.

"É necessário incrementar essa aproximação. Há um grande potencial entre ambas as partes porque o comércio que mantemos possui base complementar", disse o diretor para América Latina e Caribe do Ministério de Comércio Exterior da Coréia do Sul, Soon Tae Kim.

O fluxo de comércio entre a Coréia do Sul e o Mercosul é de US$ 3,5 bilhões, sendo US$ 2,1 bilhões em exportações do bloco sul-americano e US$ 1,4 bilhão em vendas de manufaturados das empresas coreanas.

Um estudo preliminar do Ministério de Comércio Exterior da Coréia do Sul projetou que a partir de um acordo de preferências, a corrente de comércio avançaria para US$ 7,8 bilhões no curto prazo, sendo US$ 3,9 bilhões de exportações do Mercosul e US$ 3,9 bilhões em vendas da Coréia.

A quase totalidade das importações das empresas sul-coreanas de produtos do Mercosul é de bens primários ou semi-elaborados, como ferro, cobre, alumínio, óleo bruto de petróleo e as commodities agrícolas soja, milho e suco de laranja, além de frutas.

Entre os integrantes do bloco, o Brasil é o maior parceiro. Da perspectiva brasileira, a Coréia é o terceiro maior mercado na Ásia. Entre janeiro e outubro deste ano, o Brasil exportou US$ 1,162 bilhão para aquele país, 11,24% acima do valor negociado em igual período do ano anterior.

As companhias sul-coreanas, porém, mostraram-se mais competentes no aproveitamento de mercado. As exportações para o Brasil aumentaram 56,6% de janeiro a outubro, para US$ 1,3 bilhão. A maior parte das vendas compõe-se de produtos de valor agregado como dispositivos de cristais líquidos, circuitos integrados digitais e analógicos, circuitos de memória, transmissores, receptadores e aparelhos celulares.

Neste ano, as exportações da Coréia do Sul atingirão US$ 200 bilhões, enquanto os embarques brasileiros destinados ao exterior somarão US$ 94 bilhões.

Nos estudos sobre um acordo de livre comércio, os coreanos querem tratar de um amplo marco de negócios. O principal interesse é garantir o acesso aos recursos naturais, considerado por Seul abundante no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Mas também querem tratar de investimentos nos setores de serviço e da indústria, em áreas que serão definidas em conversas com os empresários coreanos. Em termos gerais, os investimentos das empresas sul-coreanas no Mercosul totalizam US$ 960 milhões, concentrados em sua maior parte no Brasil.