Título: HSBC reforça a aposta no consumo
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/11/2004, Finanças & Mercados, p. B1

Compra da Credimatone, banco aumenta o campo que ficará sob a bandeira da Losango. O presidente do HSBC, Emilson Alonso, anunciou ontem compra da Credimatone, do Banco Matone, do Rio Grande do Sul, por R$ 30 milhões. Tal como seus concorrentes, o banco acredita na expansão do crédito ao consumidor que virá por força da queda das taxas de juros e da inflação e pelo crescimento da economia em 2005.

"Estou apostando meu emprego nisso. Será um crescimento mais moderado, mas que veio para ficar. O juro real tende a cair, fortalecendo a política de crédito. A inflação, sendo baixa, o poder aquisição da população aumenta", disse Emilson Alonso, ao explicar a aquisição de mais esta instituição financeira especializada no crédito pessoal.

Com esse negócio, o HSBC, acredita que consolidou a liderança diante de seus concorrentes em pontos de atendimento, volume de operações e crédito concedido à pessoa física. O HSBC investiu nos últimos dois anos na compra da Losango, Valeu e na Credimatone, em torno de R$ 2,024 bilhões. Neste mês, a matriz do HSBC enviou ao Brasil US$ 100 milhões, que foram utilizados em parte para fazer frente às aquisições da Valeu, do Credimatone e demais necessidades do banco. Com os investimentos, subiu para 17,1 mil o número clientes de sua carteira de empréstimos, junto aos quais foram aplicados R$ 2,2 bilhões. O planejamento estratégico do banco prevê elevar para R$ 7 bilhões o saldo de aplicações até 2008. A partir de janeiro de 2004, as lojas e pontos de atendimento da Valeu e da Credimatone passam a operar apenas com a bandeira da Losango, com uma rede de 320 lojas distribuídas em todo o país.

"Estamos consolidando uma estratégia de financiamento ao consumo. Fortalecer neste segmento depende de escala, de eficiência operacional e análise de crédito, coisa que construímos nos últimos anos", disse Emilson Alonso. A disputa pelos clientes pessoa física está dentro de uma visão maior de ocupação dos espaços no mercado bancário brasileiro e de consolidação dos ganhos, apostando no aumento da massa salarial e expansão da atividade econômica. O HSBC não gosta de falar sobre os ganhos obtidos nas operações de crédito ao varejo. "É uma rentabilidade é muito boa. A Losango produz mais de 50% de retorno sobre o seu patrimônio líquido", disse Alonso.

A partir de dezembro, o HSBC espera elevar em R$ 100 milhões o volume de empréstimos novos aos tomadores de crédito na pessoa física. O número de operações contratadas na pessoa física deve passar das atuais 750 mil para 1 milhão. A partir de 2005, o banco acredita que ampliará o número de clientes entre 30% e 35%, devido à redução do desemprego e os ganhos salariais dos trabalhadores.

A necessidade de uma presença nacional efetiva, neste segmento de crédito, é que levou o HSBC a vencer a concorrência do Credimatone. O HSBC pagou R$ 30 milhões, à vista, pela carteira de clientes da Credimatone, suas 47 lojas e estrutura operacional, envolvendo todo o quadro de funcionários. Os ativos da carteira de crédito do Credimatone, até a assinatura do contrato, realizado ontem, ficaram com o Banco Matone, de Alfredo Matone.

"Tudo que for feito a partir de agora já é do HSBC. É situação mais tranqüila, uma vez que havia diferentes taxas de juros", disse Alonso. O HSBC ficou com a tarefa de cobrar e repassar ao Banco Matone todos os créditos concedidos até esta data. A Credimatone possui uma carteira de 100 mil clientes, na sua maioria na região sul, dos quais 87 mil são ativos.

O HSBC, de olho na necessidade de fortalecer a sua presença no crédito no varejo, começou a negociar em junho deste ano. Foi quando procurou dirigentes da Credimatone, instituição criada em junho de 1997, a partir do Banco Matone, para operar no varejo. Um empresa de consultoria fez a avaliação de todos os ativos da financeira e a instituição passou a ser disputada por outras instituições financeiras. O HSBC acabou vencendo ao oferecer a melhor proposta. "É uma excelente marca no sul e nos dá uma penetração onde não tínhamos posições neste segmento de mercado", disse Alonso.