Título: Países da UE vetam milho transgênico
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/11/2004, Agribusiness, p. B12

As autoridades reguladoras do meio ambiente de algumas das 25 nações da União Européia (UE) recusaram-se ontem a permitir que o milho geneticamente modificado fabricado pela Monsanto para resistir à lagarta que ataca suas raízes, seja usado em rações animais. Por causa de preocupações com o ambiente e a saúde, a atitude dessas autoridades está contribui para que as importações desses produtos não se concretizem em todo o bloco. Os ministros de cada uma destas nações agora têm três meses para pôr fim a essas divergências e devolver o poder à Comissão Européia.

Na votação promovida pelo bloco sobre esse tema, oito nações votaram a favor, 12 contra e cinco se abstiveram, informou o porta-voz da comissão, em Bruxelas. Este ano, os produtores agrícolas dos Estados Unidos plantaram 728,4 mil hectares com MON863, em comparação com 161,9 mil hectares em 2003, o primeiro ano em que a variedade apareceu no mercado, informou o porta-voz da Monsanto, Bryan Hurley.

"Estamos decepcionados pelo fato de os países membros da UE não terem chegado a uma decisão favorável, apesar de este produto já ter recebido um parecer positivo da Agência de Segurança dos Alimentos da UE", disse Hurley por telefone de St. Louis. "O processo terá continuidade na tentativa de reverter esse processo".

A comissão, a executiva da UE que exigiu que o produto recebesse três aprovações na área de biotecnologia, este ano, autorizou em julho as importações de outra variedade de milho da Monsanto para ração animal, e para consumo humano em outubro, bem como uma variedade de milho para alimentação fabricada pela Syngenta em maio - as únicas aprovações da UE desde 1998. As três ocorreram depois do surgimento de divergências entre os países da UE.

A comissão quer acelerar as aprovações de cerca de 30 pedidos ainda pendentes na UE, várias da Monsanto, a maior produtora do mercado de milho transgênico. As vendas dessa empresa chegaram a US$ 4,75 bilhões no ano passado. A Syngenta, com sede em Basiléia, na Suíça, é a maior fabricante mundial de produtos químicos para culturas.

Estados Unidos, Argentina e Canadá, os três maiores produtores de sementes transgênicas, apresentaram queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as restrições apresentadas pela UE aos alimentos transgênicos. Os EUA afirmaram em maio que queriam que as solicitações tramitassem "como rotina no processo de aprovação".

Monsanto, Syngenta e Bayer perderam espaço no mercado biotecnológico da União Européia (UE), quanto à demanda, depois que Alemanha, França, Áustria, Grécia e Luxemburgo mantiveram as proibições para a venda de alimentos transgênicos. A Comissão Européia (CE) não conseguiu persuadir ontem um número suficiente de órgãos reguladores nacionais para apoiar sua ordem. O processo abrange cinco produtos de milho e de canola, aprovados pela UE.