Título: Lessa critica paralisia dos investimentos públicos
Autor: Otto Filgueiras
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Nacional, p. A-4

O governador de Alagoas exorta o governo a acelerar o crescimento. O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB-AL), disse ontem que depois de dois anos com a política monetarista dos tempos do então presidente Fernando Henrique Cardoso está na hora de o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva revê-la e iniciar uma etapa que garanta o desenvolvimento sustentável do País.

Ronaldo Lessa criticou o governo Lula por não investir os recursos arrecadados em obras de infra-estrutura para obter um superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) e cumprir o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o governador, a meta do superávit primário tem efeito colateral e é prejudicial ao Brasil. Mas afirma que "não queremos olhar para trás e sim no que podemos fazer para avançar".

Ontem, o governador alagoano esteve na capital paulista participando de um seminário no Centro de Convenções da Câmara de Americana de Comércio (Amcham), quando apresentou a estratégia de desenvolvimento do seu estado e oportunidades de negócios para empresários interessados em investir em Alagoas. O seminário foi organizado pela Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil e revista Forbes.

Lessa disse que seu Estado deixou de ser visto como um lugar dos "cabras da peixeira, da valentia, dos cangaceiros de Lampião, ou das estórias dos coronéis de pijama e como a República de Alagoas dos tempos de Fernando Collor de Mello". Hoje, segundo Lessa, "Alagoas resgata sua auto-estima, tem orgulho da sua história, de ser a terra de Zumbi dos Palmares, de Domingos Fernandes Calabar (que foi injustamente considerado traidor por um tribunal português, enforcado e esquartejado em 1635), não aceita a corrupção e está buscando parceiros para participar do seu processo de desenvolvimento".

No seu segundo mandato, Ronaldo Lessa disse que ao assumir o governo, em 1998, "Alagoas tinha os piores índices sociais, era um estado pesado, corrupto e incompetente, a mortalidade infantil era a mais alta do Brasil e hoje é a menor do Nordeste; conseguimos equilibrar as contas e restabelecer a credibilidade do setor público, fizemos o ajuste fiscal e sem abrir mão de medidas sociais".

Hoje, disse Ronaldo Lessa, "já temos no estado as fábricas de PVC e soda química do grupo Braskem, um importante complexo agro-industrial de leite, 28 usinas de açúcar e 23 destilarias de álcool, uma unidade de processamento de gás natural da Algás, projetada para produzir 3,5 milhões de metros cúbicos de gás natural e industrial e 168 toneladas de GLP (gás de cozinha), uma indústria hoteleira e queremos levar para Alagoas a indústria de transformação".

E, segundo ele, para atrair empresários, o governo de Alagoas não faz a guerra fiscal, mas dá incentivos similares aos concedidos por qualquer outro estado, incluindo os incentivos especiais da antiga Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que ainda estão em vigor e prevê que, até dezembro de 2013, as pessoas jurídicas podem ter o direito a redução de 75% do imposto sobre a renda com base no lucro da exploração.