Título: Rolls-Royce planeja ampliar compras de empresa nacional
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Energia, p. A-6
Aquisições na área de energia podem chegar a US$ 30 milhões/ano. A Rolls-Royce quer aumentar a participação de empresas brasileiras em sua carteira de fornecedores, principalmente para a sua divisão de energia. De acordo com o presidente da empresa para a América do Sul, Francisco Itzaina, o objetivo é realizar, somente para esta área, compras de até US$ 30 milhões por ano em equipamentos de fabricantes nacionais.
"Temos um grande acordo em negociação, que já deve ser assinado nos próximos meses. Trata-se de uma empresa nacional que irá fabricar peças utilizadas em turbinas da área de energia", diz o executivo, sem adiantar o nome do futuro fornecedor. Itzaina ressalta que as peças não servirão apenas para suprir as demandas do mercado brasileiro_ em sua maioria de módulos de energia para plataformas de exploração de petróleo_, mas também para outros destinos para a companhia, como a China.
"As empresas brasileiras ainda têm participação pequena nos componentes das turbinas. Este é o primeiro passo para que possamos aumentar, gradualmente, o conteúdo nacional nestes equipamentos" comenta Francisco Itzaina. Para ele, o Brasil tem forte potencial para assumir o posto de um dos principais fabricantes mundiais de equipamentos ligados à indústria de energia, mas ainda esbarra em uma burocracia exagerada e em uma pesada carga de impostos. "Pagar impostos no Brasil é extremamente complicado. O setor jurídico tem dificuldades em levantar tudo o que se deve pagar. Vale lembrar que toda a vez que o Brasil entra em uma disputa para a compra de serviços e materiais, está brigando com fortes concorrentes, como China e México. Esses entraves fazem o país, em alguns casos, não ser a melhor opção".
Já em sua divisão marítima no Brasil, a Rolls-Royce aposta na megalicitação de petroleiros que será feita pela Transpetro, subsidiária da área de transporte da Petrobras. Francisco Itzaina explica que a companhia não participará da concorrência com projetos de desenvolvimento de embarcações, uma de suas linhas de atuação.
A indústria nacional também deverá ser beneficiada caso a empresa vença a concorrência, já que o edital da Transpetro exige conteúdo mínimo nacional, o que levará a Rolls-Royce a procurar novos fornecedores no país.
Quanto à possibilidade de o Brasil se tornar um montador de turbinas aéreas ou de energia, Itzaina diz que existe uma probabilidade pequena de isto acontecer. "Será que teríamos demanda local suficiente que justificasse um investimento de longo prazo e de fôlego como este?. Hoje nossas unidades de montagem (EUA, Inglaterra e Alemanha) atendem com facilidade aos pedidos", comenta ele. A participação do Brasil neste segmentos, segundo ele, continuará se dando de maneira indireta, ou seja, por meio do fornecimento de equipamentos e peças.