Título: Aumento dos estoques interrompe alta do álcool
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Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Energia, p. A6

Os preços do álcool, que vinham numa escalada de alta nos últimos meses, apresentaram recuo desde a semana passada, com o menor interesse de compra por parte das distribuidoras e aumento do volume ofertado pelas usinas, informaram, ontem, corretores do mercado. Uma ligeira redução no consumo nos postos, gerada justamente pelo aumento dos preços na bomba, colabora para o movimento de baixa, acrescentaram.

"O preço está caindo e isso é compreensível. Os tanques (das usinas) encheram, e é normal a pressão de venda no fim da safra porque elas não têm mais onde colocar produto", disse um corretor. Os estoques das usinas do centro-sul estão no maior nível do ano, agora que a safra está acabando e o produto é acumulado nos tanques para garantir o abastecimento do mercado até abril ou maio, quando começa a próxima temporada de moagem. Além disso, muitas usinas precisam fazer caixa nesta época do ano, para cobrir gastos como o 13º salário de funcionários e rescisão de contratos, procedimentos típicos do fim da safra.

As dificuldades na comercialização de açúcar, reforçadas pela elevação dos fretes marítimos, também contribuem para acelerar as vendas do combustível. "Os empresários não estão conseguindo embarcar açúcar porque não tem destino. Como não conseguem gerar dinheiro para pagar os ACCs (Adiantamento sobre Contratos de Câmbio), precisam vender álcool", afirmou uma fonte do setor. Ontem, saíam negócios por R$ 980 a R$ 990 por m³ (mil litros) de álcool anidro, com base na cotação de Ribeirão Preto (SP), ante cerca de R$ 1.010/R$ 1.020 na semana passada. No início de novembro, o preço chegou a R$ 1.050 o m³.

Mas, segundo corretores, dificilmente a atual redução será repassada para os consumidores, até porque a tendência é que o mercado volte a subir após o fim do ano, com a perspectiva de uma oferta justa na entressafra. Este ano, cresceram as exportações de álcool e também o consumo doméstico.