Título: Dividido, PMDB do RS decide pelo rompimento
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Política, p. A6
O governo federal tem mais um problema para administrar até o próximo dia 12, data da convenção do PMDB. Depois do diretório do PT de Santa Catarina romper com o PMDB, agora foi a vez da regional do PMDB gaúcho oficializar o rompimento do partido com o governo Luiz Inácio Lula da Silva por unanimidade. "Não há hipótese de ficar no governo", disse o senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos principais defensores da tese de deixar a base do governo.
A decisão do diretório estadual peemedebista levou ontem a ala governista do partido no Senado Federal a ensaiar uma reação ao defender, em carta, o adiamento da convenção do partido. O documento foi assinado por 20 dos 22 senadores da legenda.
A carta da bancada se refere à convenção nacional como "inoportuna e incoerente" com o momento nacional e avalia que, independentemente do resultado, o PMDB sairá fragmentado.
"A convenção trará sérias consequências para o PMDB. É necessário adiarmos a convenção porque é o único modo de evitarmos uma grande crise no PMDB", disse o presidente do Senado, José Sarney (AP), que saiu ontem em defesa da carta.
O presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), no entanto, continua assegurando a realização da convenção. Temer desafia os governistas. "Vamos ver quem tem maioria", disse.
O governo aguarda com expectativa as próximas movimentações do partido para decidir pela ampliação da fatia do PMDB na estrutura administrativa federal. Ontem, o presidente do PT, José Genoino, voltou a ressaltar a importância do governo de coalizão com a participação dos aliados, inclusive o PMDB. O partido reivindica ministérios com "caneta e tinta", segundo o líder do partido na Câmara, José Borba (PMDB-PR), como os ministérios da Integração Nacional e das Cidades.
Cotado para deixar o cargo, o ministro das Cidades, Olívio Dutra, disse ontem durante encontro dos prefeitos petistas não estar preocupado com os rumores de que pode sair do governo.
"Acho legítimo as forças que apóiam o governo estarem reivindicando o ministério. Acho até que eles pleiteiam por conta do trabalho sério que vem sendo desenvolvido. Mas a decisão é exclusiva do presidente", afirmou Dutra.