Título: Aval para a carne suína
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 12/04/2011, Política, p. 4
No momento em que a presidente Dilma Rousseff, em viagem à China, quebra barreiras para venda de carne suína brasileira, os servidores do Ministério de Agricultura reclamam do corte no Orçamento que contingenciou os recursos destinados à fiscalização sanitária da cadeia agroprodutiva, sendo atingidos especialmente os produtos de açougue destinados ao consumo humano, grãos, frutas e vegetais. O ministro da Administração-Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China, Zhi Shuping, informou ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a aprovação inicial de três frigoríficos nacionais exportadores de suínos. A liberação ocorreu apenas cinco meses depois da vinda de missão chinesa ao Brasil para inspecionar 13 indústrias.
Com a aprovação das indústrias de suínos, o Brasil vai ampliar a venda de produtos de maior valor agregado ao mercado chinês. ¿O aumento dos embarques de carnes representa agregar valor às matérias-primas, como farelo de soja e milho, usados na alimentação do rebanho suíno e de aves¿, disse Wagner Rossi. ¿O risco pode advir, se continuar sendo contingenciado o recurso para fiscalização das granjas que precisam ser certificadas, porque somente as certificadas e controladas estão seguramente livres de brucelose e das febres suínas ¿ a tradicional e a africana. O Brasil está de parabéns, vem ganhando mercados. A China é um mercado espetacular, mas o contingenciamento coloca tudo sob risco¿, o presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), Wilson Roberto de Sá.
O Ministério da Agricultura informou que a dotação de recursos para atividades de combate a doenças e pragas e outras relacionadas à sanidade animal e vegetal não sofreu contingenciamento em relação ao valor contido na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2011, aprovada pelo Congresso. Ao todo, serão R$ 263,2 milhões para a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA).
Tabaco Em relação ao aumento da venda de carne suína para a China, a expectativa é que nos próximos meses o governo chinês amplie a lista de frigoríficos exportadores de suínos e aves. O Brasil precisa convencer os chineses sobre as condições fitossanitárias das indústrias nacionais. Também se espera que sejam liberadas as exportações de gelatina do Brasil.
Na primeira quinzena de maio, o Brasil receberá a comitiva chinesa que virá inspecionar o processo de cultivo, armazenamento e transporte das folhas de tabaco baianas e alagoanas. Os estados são livres da doença mofo azul, um dos requisitos do governo chinês para começar os embarques do produto. Atualmente, o Rio Grande do Sul é o único estado que exporta tabaco para a China.
¿A decisão do governo da China representa uma oportunidade imediata como também de rápido crescimento para o futuro. Os chineses respondem pelo consumo de 50% da carne suína produzida no mundo, mas estão cada vez mais aumentando a renda per capita e devem ampliar o consumo de carnes¿, informa o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
Os fiscais, no entanto, alertam para iminiência de doenças e pragas ingressarem no país e também contaminarem os produtos vendidos para o mercado internacional. Sinal evidente de que os cortes prejudicam as atividades rotineiras da fiscalização, Sá encontrou ontem a Superintendência Federal de Agricultura de São Paulo vazia, embora o estado seja grande produtor de agronegócio, sobretudo da cana-de-açúcar e da laranja. ¿A repartição estava parada, sem nada para fazer, apesar de que os estabelecimentos de abate devem ser fiscalizados. Um exemplo perigoso é o besouro asiático que atinge a madeira e viaja nas embalagens de frutas. Uma infestação desse besouro pode acabar com uma safra e gerar muitos outros prejuízos financeiros e ambientais¿, afirma.