Título: Menos pobres e desigualdade é a pior do mundo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Internacional, p. A-8

O número de latino-americanos em situação de pobreza diminuiu 1% em 2004 ante 2003 e somou 224 milhões de pessoas, ou 43,2% da população. Mas a desigualdade aumentou, segundo o informe "Panorama Social" da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). Calcula-se que dois milhões de pessoas deixaram de ser pobres neste ano.

A grande concentração das riquezas transforma a América Latina na região do planeta com os piores indicadores de desigualdade, onde 10% da população concentra mais de 40% dos recursos totais. O Brasil é o país que registra o maior nível de desigualdade social, seguido por Argentina, Honduras, Nicarágua e Colômbia.

O número de indigentes ou pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia ficou em 98 milhões, ou 18,9% da população da América Latina. "Pela primeira vez em um longo tempo observamos uma queda da pobreza", afirmou José Luis Machinea, secretário executivo da Cepal. "Não é muito, mas marca uma mudança".

A leve melhoria dos indicadores tem relação com o crescimento econômico que, segundo projeções da Cepal, deverá ser de média superior a 4%. No entanto, a leve diminuição da pobreza registrada não permite reverter a deterioração da situação social que predominou nos três anos anteriores, marcados por um retrocesso na maioria dos países. "Estas mudanças são apenas suficientes para frear o crescimento da população registrada durante o mesmo período. Assim, não se deve esperar uma redução significativa do número de pobres e indigentes", afirmou Machinea.

Segundo as metas da Declaração do Milênio, aprovadas em 2000, os países latino-americanos devem reduzir pela metade a pobreza em seus territórios antes de 2015. O Chile é o único país que cumpriu as metas. No Brasil, no Equador, no México, no Panamá e no Uruguai, os progressos se mantiveram no nível desejado. Argentina, Paraguai e Venezuela têm maiores níveis de indigência que em 1990.