Título: CST fecha contrato de R$ 90 milhões com o grupo belga Lhoist
Autor: Nilo De Mingo e Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Indústria & Serviços, p. A-9

A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) assinou acordo de 20 anos com o grupo belga Lhoist, que será responsável pela construção e operação de uma nova unidade de calcinação, um investimento da ordem de R$ 90 milhões, informou o gerente do Departamento de Produção de Aço da CST, João Chiabi Duarte. A siderúrgica pagará mensalmente R$ 2 milhões à Lhoist, que produzirá 25.750 toneladas de cal por mês, totalizando 309 mil toneladas por ano.

"Este é mais um importante passo da CST no seu processo de expansão e consolidação como líder mundial de semi-acabados", afirmou o gerente. O cal é utilizado no processo de remoção do enxofre do ferro-gusa e como fundente durante o processo de transformação de ferro-gusa em aço nos convertedores na aciaria. O inicio da operação da unidade de calcinação 2 está previsto para o final de 2006. A unidade será instalada na fábrica da CST, localizada entre os municípios de Vitória e Serra, no Espírito Santo.

Maior produtora de placas de aço do mundo, a CST está investindo cerca de US$ 1 bilhão para ampliar a sua capacidade de produção dos atuais 5 milhões para 7,5 milhões de toneladas de placas e bobinas de aço, a partir do segundo semestre de 2006.

Atualmente, de acordo com Duarte, a CST já possui uma unidade própria de calcinação que produz diariamente 840 toneladas de cal calcítica ou 1040 toneladas de cal dolomítica. A unidade da Lhoist, por sua vez, irá produzir apenas cal calcítica.

O projeto da calcinação 2, conforme explicou o gerente da CST, é constituído por dois fornos verticais, com tecnologia MAERZ, uma central de britagem de cal, dois silos de calcário com capacidade total de 1,8 mil toneladas, sistema de peneiramento e lavagem de calcário e silo para calcário beneficiado.

Pelo acordo firmado entre as empresas, o modelo do contrato adotado é de industrialização sob encomenda, cabendo à CST fornecer todas as matérias-primas -¿ como calcário, gás de aciaria ou gás misto, energia elétrica e água clarificada. A cal produzida pela unidade de calcinação 2 irá atender as unidades da aciaria, sinterização e a nova coqueria, que também será construída na CST para viabilizar o projeto de expansão da produção em curso.

Liderança mundial

O grupo Lhoist, empresa de capital privado com sede em Limelette, na Bélgica, é um dos líderes mundiais em produtos de óxido de cálcio com faturamento anual de cerca de ¿ 1,7 bilhões, com operação em 16 países. No mercado brasileiro o grupo belga é representando pela Lhoist do Brasil. Desde outubro deste ano, a Lhoist adquiriu a Mineração Belocal , empresa originária da associação entre a Votorantim Cimentos e a Lhoist do Brasil. A empresa já havia adquirido reservas da ordem de 400 milhões de toneladas de calcário na região de Matozinhos, em Minas Gerais.

A CST é líder mundial na produção de semi-acabados de aço de alta qualidade e é responsável por 20% do volume total de placas de aço comercializado no mundo, tendo registrado faturamento da ordem de US$ 1,3 bilhão em 2003. O lucro líquido atingiu R$ 358 milhões no terceiro trimestre deste ano, 101% superior ao mesmo período de 2003. De janeiro a setembro, o lucro somou R$ 1,1 bilhão, 46% maior que em 2003. No acumulado do ano, subiu 24% e somou R$ 3,5 bilhões.

Na semana passada, a CST concluiu a concretagem da base principal do alto-forno 3, primeiro passo na realização das obras de expansão. A construção está sendo realizada pela empresa Andrade Gutierrez, subcontratada do consórcio VAI / Ferrostaal / Paul Wurth para execução das obras civis da unidade. O novo alto-forno foi projetado para produzir 2,8 milhões de toneladas de ferro gusa por ano. O trabalho de concretagem teve início no dia 26 de agosto deste ano. Finalizada essa etapa, terão início os trabalhos de montagem eletromecânica da unidade, destacando a carcaça e as estruturas metálicas da torre.

Além do terceiro alto-forno e da calcinação, os outros investimentos diretos da CST vão contemplar um novo sistema de injeção de finos de carvão, um terceiro convertedor na aciaria, uma terceira máquina de lingotamento contínuo, a segunda unidade de desgaseificação a vácuo do aço e ainda os sistemas diversos nas áreas de utilidades e apoio.