Título: Pirelli abre outra fábrica no Brasil
Autor: Ariverson Feltrin e Sonia Moraes
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Transportes & Logística, p. A-10

Unidade produzirá radiais para caminhões e ônibus e exigirá investimentos de R$ 116,4 milhões. A alta demanda, tanto interna como externa, de pneus provocou a escassez do produto e a resposta das fábricas veio em forma de expansão. Agora, é a vez da Pirelli anunciar investimentos. No próximo dia 7 a empresa italiana lançará a pedra fundamental de uma segunda fábrica em Gravataí (RS) que será dedicada a pneus radiais, com estrutura metálica, para ônibus e caminhões, linha hoje feita, no Brasil, apenas na unidade de Santo André, na região do ABC paulista (SP).

A nova fábrica de Gravataí iniciará as atividades no final de 2005. Com ela, a Pirelli aumentará em 30% a produção da linha de radiais para ônibus e caminhões, cujo destino será, principalmente, o mercado interno e latino-americano. A fábrica gaúcha receberá investimento inicial de R$ 116,4 milhões e abrirá 222 empregos.

A Pirelli informa que nos últimos cinco anos investiu em torno de R$ 220 milhões na expansão da atual fábrica no município de Gravataí, aberta em 1976, e que atualmente conta com cerca de 1.440 funcionários.

Cadeia completa

O secretário de desenvolvimento e assuntos internacionais do Rio Grande do Sul, Luís Roberto Andrade Ponte disse que o estado gaúcho está se qualificando para atuar em todos segmentos da cadeia automotiva. "Isto é muito importante para nós", disse.

A Pirelli, no Brasil, atua com 11 unidades de negócios - desde a linha completa de pneus, além de cabos e sistemas para os segmentos de energia e telecomunicação. Do Brasil, os produtos Pirelli seguem para mais de 130 países.

Feira de Santana

Além das fábricas de pneus de caminhões, ônibus e motocicletas, o grupo italiano mantém no País dois dos principais centros de pesquisa e desenvolvimento da Pirelli no mundo (um na área de pneus e outro para cabos e sistemas) e a primeira pista de testes de pneus da América Latina, instalada em Sumaré, no interior de São Paulo.

Em 2003, a Pirelli obteve aumento de cerca de 10% nas vendas no segmento de pneumáticos e o faturamento atingiu R$ 2,2 bilhões. Ao todo, a empresa destinou R$ 245,5 milhões para investimentos principalmente no aumento da capacidade, em novos produtos e na flexibilização do processo produtivo.

A área de pesquisa e desenvolvimento recebeu investimentos de R$ 19,6 milhões, que foram destinados à renovação e aprimoramento tecnológico dos produtos. No país a Pirelli Pneus tem cerca de 5,5 mil funcionários e cinco unidades produtivas, além de 600 pontos de vendas.

Em setembro de 2003 a Pirelli inaugurou em Feira de Santana (BA) uma linha de produção, considerada uma das mais modernas fábricas de pneus radiais do mundo, com investimento de US$ 120 milhões. A produção mensal da unidade baiana é de cerca de 165 mil pneus, destinados ao mercado interno e latino-americano, além do norte-americano e europeu. Em 2005, com a unidade produzindo em total capacidade, serão fabricados cerca de 7,5 mil pneus por dia. A empresa planeja investir mais US$ 80 milhões em Feira de Santana, o que permitirá aumentar a capacidade para um total de 13 mil pneus por dia.

Além da Pirelli, outras empresas do setor já anunciaram investimentos para atender o aumento da demanda do setor automotivo.

Depois de investir R$ 77 milhões em 2003 e R$ 80 milhões neste ano, a Goodyear prepara mais investimentos para as suas duas fábricas - no bairro do Belenzinho (SP) e em Americana, no interior paulista. "Estamos fazendo os últimos cálculos para definir o valor necessário para ampliar a capacidade de produção", disse recentemente o diretor geral da empresa, Luís Carlos Martins. A francesa Michelin também está investindo em aumento de produção nas fábricas do Rio.

A Bridgestone Firestone, que produz atualmente 33 mil pneus por dia, prevê aumentar o seu volume para 34 mil unidades diárias até julho de 2005, após a modernização da sua fábrica de Santo André, no ABC paulista, que consumiu investimentos de US$ 200 milhões de 2000 até agora.

Já o grupo alemão Continental, quarto maior produtor de pneus do mundo, já anunciou a construção de sua fábrica em Camaçari (BA), com investimento de US$ 290 milhões, que serão aplicados em duas etapas - 50% do valor para a linha de produção de automóveis no início de 2006 e o restante para a linha de caminhões, que começa a operar no início de 2007.

Panorama do mercado

O setor de pneumáticos deverá fechar 2004 com produção de 52,5 milhões de unidades, volume 6,7% maior que os 49,2 milhões de pneus fabricados em 2003. Para 2005, a previsão é que haja um crescimento de cerca de 5% e chegue a 55 milhões de unidades. As vendas totais, que em 2003 somaram 51,8 milhões - incluindo os modelos importados - vão subir para 55,2 milhões, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).

Com a grande demanda do mercado interno a indústria teve que rever suas estratégias de vendas. As exportações, que em 2003 atingiram 34% da produção, vão cair para 30% em 2004. Já os volumes fornecidos diretamente para as montadoras - que em 2003 representaram 22% da produção - vão subir para 25% neste ano. O segmento de reposição ficará com o mesmo percentual de 44%. "Para 2005, o volume de vendas para as montadoras deverá ser mantido, depois dos ajustes feitos pelas empresas a partir de maio", disse o diretor geral da Anip, Vilien Soares.