Título: Record cresce 47% e persegue SBT
Autor: Regina Neves e Ismael Pfeifer
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Mídia & Marketing, p. A-12

Rede da Igreja Universal diz que variedade é seu trunfo; SBT assegura que não perde 2º lugar. A Rede Record anunciou ontem que vai fechar 2004 com um faturamento superior a meio bilhão de reais, o maior em 51 anos de história e que representa um crescimento de 47% nas vendas de sua área comercial em relação ao ano passado. A emissora, que ocupa o terceiro lugar na média de audiência, também apresentou, este ano, um crescimento de aproximadamente 15% no seu prime time (horário nobre), entre 18h e 24 horas. O crescimento comercial da rede ligada à Igreja Universal do Reino de Deus faz com que ela se aproxime em receita da eterna vice-líder em audiência e faturamento, o SBT, que no ano passado faturou de R$ 555 milhões e para este projeta algo entre R$ 700 milhões e R$ 750 milhões.

Para o presidente da Record, Dennis Munhoz, o resultado é conseqüência do diversidade de conteúdo da grade de programação que ele define como uma "programação de qualidade e voltada para atender o mercado publicitário". Segundo Munhoz, para fazer parte da grade da Record "o programa precisa ser bom e vendável".

Segundo Munhoz, para alcançar esses objetivos, a Record fez pesquisas e apostou em programas que naturalmente despertam o interesse dos anunciantes como as novelas e produções locais. "A novela "Escrava Isaura" tem sido um sucesso, alcançando índice de audiência de 12% , assim como "O Aprendiz", que também chega ao mesmo índice, e o programa do Tom Cavalcanti, outro sucesso da casa", diz.

"Além disso, reforçamos o jornalismo e hoje somos a emissora brasileira com maior número de horas dedicadas à informação jornalística", afirma. "Além de Boris Casoy que é um ícone nessa área, temos obtido bons resultados também com novos programas como o "Tudo a ver", além do sucesso do "Cidade Alerta" e a boa audiência do "Fala Brasil"."

Munhoz prevê um crescimento comercial entre 10 a 15% no ano que vem, baseado na oferta de sua programação. "Nossa audiência cresceu 15% em programas do prime time, o que nos tem garantido o segundo lugar em vários programas deste horário, que é o que importa pois é quando se concentra 80% da publicidade", diz. O resultado anunciado surpreende por ser apenas cerca de 30% menor do que a projeção para 2004 feita pelo SBT, na medida em que a audiência nacional média no horário nobre (SBT, 9 pontos; e Record, 4 pontos, entre janeiro e agosto deste ano, segundo o Ibope) é ainda muito maior para a emissora de Sílvio Santos.

Para Munhoz, sua emissora ganha na maior variedade da programação. "Nossa cesta de produtos é muito mais diversificada. Temos shows, jornalismo, apostamos na dramaturgia nacional e tudo isto, naturalmente, se reflete no bom desempenho publicitário", afirma. "É claro que uma novela como "Escrava Isaura" tem muito mais peso no mercado do que uma novela mexicana com a mesma audiência", alfineta.

Munhoz diz que a emissora, "sem dividas, nem com fornecedores, nem com bancos", espera alcançar índices de audiência maiores em 2005. "A nova programação, lançada agora em outubro, é fruto de um trabalho sério e que deve se expandir no ano que vem". A Record, que é uma sociedade anônima com dois acionistas, o bispo Edir Macedo e sua mulher, tem uma rede de 90 emissoras que cobrem 92% do território nacional.

No SBT, que detém o segundo lugar em faturamento e audiência a previsão é de um crescimento no faturamento bruto em torno de 20%. Segundo o diretor comercial Claudio Santos "a receita já ultrapassou os R$ 750 milhões" .

Para ele "este é um bom desempenho num ano que teve eventos como as Olimpíadas que não fez parte da nossa programação", diz. "Com este crescimento de 20% na receita, a empresa está próxima do equilíbrio financeiro" garante Santos. Uma boa noticia para a rede não vinha conseguindo equilibrar receitas e despesas e chegou, no final do ano passado, a fazer uma "liquidação" de anúncios para compensar a perdas, mas fechou 2003 com prejuízo, com um faturamento de R$ 555,8 milhões, representando uma queda em torno de 7% .

Mesmo com o crescimento de 20% este ano a empresa deve fechar 2004 ainda com prejuízo, conseqüência do desequilíbrio no primeiro semestre, o que gerou pesados cortes em meados do ano. No segundo semestre, segundo o SBT, teria alcançado patamares de lucro operacional.

O diretor comercial do SBT considera sólido o segundo lugar da emissora. "Estamos há 23 anos em segundo, sem sermos molestados e vamos continuar assim", garante. Santos assumiu a diretoria comercial após a ampla reestruturação da direção da emissora. Na época, o grupo justificou a reestruturação afirmando que seu objetivo principal era o de "garantir a geração de caixa e de lucro líquido", algo não obtido nos últimos anos.