Título: Prevenção a passos lentos
Autor: Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 12/04/2011, Política, p. 9

A tragédia que resultou em mais de 900 mortos na Região Serrana do Rio de Janeiro, ocorrida há três meses, serviu para que o governo federal acelerasse o ritmo de repasses para ações emergenciais, mas praticamente congelou os recursos previstos em prevenção a novos episódios, como a construção de barragens, reservatórios e a canalização de rios. Só 1,5% dos R$ 237 milhões previstos para 2011 foi aplicado (veja quadro).

O projeto de implementação do sistema nacional de alerta e prevenção de desastres naturais, prometido pelo governo em janeiro, caminha a passos lentos. O Ministério da Ciência e Tecnologia deve apresentar nas próximas semanas o projeto executivo do sistema à Casa Civil. Só depois o dinheiro começa a pingar. A expectativa da pasta e do Palácio do Planalto é que no próximo verão o sistema esteja funcionando em parte.

Ontem, em esforço para discutir o novo papel da Defesa Civil frente aos problemas cada vez mais recorrentes no país, um evento internacional sobre gestão de riscos e desastres foi iniciado. O presidente em exercício, Michel Temer; o ministro da Integração, Fernando Bezerra; e o presidente do Banco Mundial para o Brasil, Makhtar Diopp, que emprestará recursos para o país investir em prevenção, falaram sobre o tema.

¿O Brasil não é imune a novas tragédias. Temos que começar com o plano. Não podemos esperar o próximo ano, as próximas chuvas¿, afirmou o secretário de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento do MCT, Carlos Nobre, responsável pelo sistema de alerta nacional.

Até o fim do governo da presidente Dilma Rousseff, o governo estima que seja possível obter redução de 80% do número de vítimas dos desastres naturais para áreas cobertas pelo sistema. Para o restante do Brasil, a previsão é reduzir em 50% o número de vítimas e, em 10 anos, a menos de 20% em relação aos números atuais.