Título: Captações e PIB derrubam dólar
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2004, Finanças, p. B-2

Em novembro, a moeda registrou uma queda de 4,40%, fechando o mês cotada a R$2,719. Os rumores de captações externas privadas e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) pressionaram o dólar ontem que fechou o mês com mais uma queda. Nem mesmo as pressões para a elevação da Ptax - taxa média do dólar que hoje corrige os contratos futuros da moeda negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) - conseguiram impedir a tendência de apreciação do real. Ao final do dia, o dólar fechou em queda de 1,06%, vendido a R$ 2,719. No mês de novembro, o dólar acumulou uma queda de 4,40% e no ano a desvalorização já chega a 5,49%.

Além das notícias de que os bancos Unibanco, ABN Amro Real e Bradesco estariam emitindo no total US$ 200 milhões em bônus externos denominados em reais, a divulgação do PIB no terceiro trimestre do ano ajudou a depreciar o dólar. "O mercado viu com bons olhos os números do PIB o que, somado às notícias de captações, fez com que o dólar retomasse o caminho de queda", diz Johnny Kneese, diretor de operações da corretora Levycam.

Dados do IBGE mostram que o PIB cresceu 1% no terceiro trimestre de 2004 sobre o trimestre anterior na série com ajuste sazonal. O resultado fico abaixo da expectativa dos economistas, que era algo próximo de 1,2%, o que mostra algum desaquecimento da economia e reduz a pressão por um aperto maior na política monetária. No acumulado do ano, o PIB subiu 5,3% sobre o mesmo período de 2003. Ontem, a divulgação de outro PIB, o norte-americano, acabou não tendo grandes reflexos no mercado doméstico. "As notícias internas acabaram prevalecendo e determinaram o ritmo do câmbio", diz Hideaki Iha, analista da corretora Souza Barros. O PIB dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 3,9% no terceiro trimestre, superior à estimativa do mercado, que era de 3,7%.

Além de ajudar na queda do dólar, a divulgação do PIB brasileiro também colaborou para o recuo das projeções de juros de mais longo prazo, negociados na BM&F. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de abril de 2005, o mais líquido com um giro financeiro de R$ 8,7 bilhões, sinalizou juro de 17,89% ao ano, ante 17,90% do ajuste da véspera. Os contratos de janeiro de 2005, que projetam a Selic a ser definida agora em dezembro, projetou uma taxa de 17,42% para a virada do ano, o mesmo patamar do ajuste anterior.

Já os vencimentos mais longos apresentaram queda na projeções. Os contratos para julho de 2005 indicou taxa anualizada de 18,01% ante 18,06% do ajuste anterior. Para outubro, a taxa recuo de 18,02% para 17,96% ao ano.

Completaram o dia de melhora geral nos indicadores do país, a valorização do C-Bond, principal título da dívida externa do Brasil, e a queda do risco-país. O C-Bond apresentou uma valorização de 0,25%, negociado a 100,625 0,25% do valor de face. No fechamento do mercado local, o risco-país, medido pelo JP Morgan, recuava 0,72%, aos 415 pontos-base.