Título: Dólar continua abaixo dos R$ 3; C-Bond e risco-país melhoram
Autor: Silvia Araújo
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/08/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

A expectativa dos investidores em relação a uma política monetária mais restritiva no curto e médio prazos, em razão da leitura da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acabou introduzindo alguns sinais negativos no mercado. E, de certa forma, impediu que os efeitos da melhora de percepção para os papéis da dívida externa brasileira se fizessem sentir a plena carga.

Notícias positivas vieram dos bancos Citigroup e Morgan Stanley, que elevaram ontem suas recomendações para os papéis do País. O Citi mudou sua avaliação de "abaixo da média do mercado" para "neutra", enquanto o Morgan passou a recomendar os papéis brasileiros como "acima da média do mercado", justificando sua decisão a partir dos fundamentos da economia do País e da recente queda da taxa de risco.

As novas recomendações surtiram efeito imediato sobre o ânimo de alguns segmentos do mercado. No final do dia, o C-Bond era negociado a 97% do seu valor de face e o risco caiu quase 2% para 524 pontos. Mas, segundo se comentou pelas mesas que operam papéis da dívida, não fosse o impacto da leitura da ata do Copom, a taxa de risco teria rompido para baixo a barreira dos 500 pontos.

De qualquer forma, ao melhorar a performance dos papéis da dívida e do risco, as novas recomendações contribuiram para manter o dólar abaixo dos R$ 3,00, mesmo diante da compra mais acentuada de moeda no mercado à vista. Os operadores observaram que parte dos dólares adquiridos foi dirigida para remessas de empresas com dívidas de curto prazo.

Analistas avaliam que o dólar dificilmente terá fôlego para subir, enquanto o fluxo comercial estiver favorável. Como a expectativa é fechar o ano com saldo positivo de US$ 30 bilhões para a balança comercial, a tendência é a moeda se estabilizar ao redor dos R$ 3,00. No final dos negócios, a moeda americana foi cotada a R$ 2,954, com queda de 0,03%. Na semana, o dólar caiu 0,47%.

No mercado de renda fixa, o contrato de janeiro fechou na máxima do dia, com a curva de juros dando continuidade ao processo de ajuste para cima. Esse vencimento projetou taxa de 16,74% para a virada do ano, contra 16,57% do ajuste de anteontem. Para os analistas, ainda há espaço para novos ajustes, principalmente quando vier a divulgação dos número fechados da inflação de agosto.

A Bovespa fechou próxima da estabilidade, com discreto ganho de 0,07%. O giro financeiro foi de R$ 789 milhões. Na semana, a bolsa caiu 1,9%.kicker: Saldo favorável nas contas externas ajuda a manter estabilidade no câmbio