Título: Campanha antecipada
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Fonte: Correio Braziliense, 12/04/2011, Brasil, p. 10

Depois de uma reunião de quase duas horas com duas entidades da sociedade civil, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou que pretende antecipar a campanha do desarmamento para 6 de junho, enfatizando a importância de restringir a circulação de armas de fogo no país. Tanta preocupação, inflada pelo massacre que tirou a vida de 12 estudantes dentro da Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio, não parece ter sido o mote da atuação da pasta nos últimos anos. Desde que o projeto de recolhimento de armas foi lançado, em 2004, só houve duas edições. Uma entre 2004 e 2005, com resultado expressivo de 500 mil peças devolvidas voluntariamente pela população. E a segunda campanha, feita mais de três anos depois, que terminou com um resultado pífio de 40 mil armas recolhidas.

Embora o governo defenda que a campanha é permanente, permitindo ao cidadão devolver sua arma a qualquer momento, o diretor da ONG Viva Rio, Antonio Rangel, que trabalha o tema, critica a justificativa. ¿Sem campanha, não há praticamente nenhuma devolução, simplesmente porque as pessoas não sabem¿, diz. Uma comissão será formada nesta semana para, na próxima segunda-feira, decidir os rumos da campanha deste ano. Entre as principais propostas estão agilizar o pagamento ¿ de R$ 100 a R$ 300 ¿ da indenização para quem devolve a arma, e recolher munições. ¿Precisamos analisar as questões jurídicas e operacionais para fazermos isso. Mas estamos estudando¿, diz Cardozo. O ministro afirmou que a mesma comissão vai estudar a sugestão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de fazer um novo referendo sobre desarmamento no país.

500 mil Quantidade de armas devolvidas na primeira edição da Campanha do Desarmamento, entre 2004 e 2005