Título: Apoio à indústria do sorvete
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/08/2004, Pequenas e Médias Empresas, p. A-27

Com apoio da Apex, setor investe R$ 2 milhões para chegar a países do Oriente Médio, África, América Latina e América Central. A indústria brasileira de sorvete, setor formado basicamente por pequenas e médias empresas, fechou um acordo com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) que estabelece uma meta de exportação para o segmento de US$ 5 milhões e geração de 530 novos empregos nos próximos dois ano. O projeto é a principal meta da parceria da agência com o consórcio do setor de insumos e equipamentos representada pela Union Trading.

Nove empresas fornecedoras de máquinas e matérias-primas para a produção de sorvete se uniram para execução conjunta de um projeto de promoção do setor no mercado internacional. O projeto iniciado há três anos naufragou e agora será retomado.

O investimento no biênio será de exatos R$ 1.977.850,40. O setor bancará metade desta conta e a Apex, os outros 50%. O dinheiro financiará a participação das empresas brasileiras em feiras internacionais e em missões comerciais promovidas pelo governo brasileiro. Esta, aliás, é uma prerrogativa dos consórcios que recebem recursos para promoção comercial de seus produtos no exterior.

A assinatura do convênio entre Apex e a Union Trading aconteceu na última sexta-feira na sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp-Campinas). A meta é que no final de dois anos, o consórcio (ou cluster) amplie a representatividade interna no setor e atraia pelo menos mais dez empresas, afirma Amadeu Gonçalves Filho, da Artegel, consultoria que terá a tarefa de auxiliar o setor na promoção de seus produtos no mercado externo.

Segundo ele, apesar de o Brasil ter desenvolvido tecnologia para a produção de bens de capital aplicado à produção de sorvetes, as exportações são pequenas. Consideradas apenas as empresas de insumos e equipamentos, a cifra alcançou US$ 950 mil em 2003. Somada a exportação de sorvete, o valor sobe para US$ 4,8 milhões, informa a Apex.

"É uma participação muito pequena se comparada com o movimento mundial deste setor, hoje em US$ 6,4 bilhões. A ampliação do consórcio pode levar as pequenas à exportação, além de melhorar a performance das exportadoras", explica Juan Quirós, presidente da Apex.

Os mercados alvo são Oriente Médio, África, América Latina e América Central, áreas onde já existem negócios e que estão fora do circuito mundial de grandes concorrentes, localizados na Europa e Estados Unidos.

André Allodi, diretor da FiBrasil, fabricante de carrocerias com sistema de refrigeração embarcado, a subvenção econômica para participação em eventos internacionais é uma forma de estimular as pequenas empresas a ingressar no mercado externo.

"As chances de uma pequena empresa bancar os investimentos da promoção sozinha são mínimas. A apresentação do setor num consórcio viabiliza muito esta exposição", afirma Allodi. A FiBrasil já exporta para países latino-americanos e espera criar novas oportunidades a partir de agora. Por ano, a empresa fabrica 500 carrocerias. O máximo que já conseguiu exportar foi 10% da produção. "Tentaremos elevar esta marca para pelo menos 20% ao ano."

Samuel da Costa Filho, sócio gerente da Frisher do Brasil, indústria fabricante de máquinas de sorvete, com sede em São Carlos, interior de São Paulo, integra o consórcio Union Trading e tem como meta duplicar as exportações de máquinas em dois anos.

A empresa fatura US$ 1 milhão por ano, 20% com vendas de máquinas para a Venezuela, Argentina, Chile e Peru. A Frisher, que tem uma associação com uma empresa na Argentina, tem força no mercado semi-industrial. A empresa produz máquinas com capacidades de 100 a 3 mil litros de sorvete de massa por hora e de 500 a 5 mil picolés por hora. Por ano, a empresa produz 70 máquinas, 80% vendidas no mercado interno.

Consumo interno

Segundo César Tonheiro, presidente do consórcio Union Trading, o mercado brasileiro de insumos e equipamentos movimenta pelo menos US$ 1,5 milhão. Por ano, o Brasil consome 200 milhões de litros de sorvete. É um dos grandes mercados mundiais e que conseguiu impulsionar uma indústria que sustenta o setor.