Título: CNI: "Custo do investimento precisa baixar"
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/12/2004, Nacional, p. A-5

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, defende uma imediata redução dos custos de investimentos como condição para assegurar a sustentabilidade do crescimento. As estimativas da CNI são de que o Brasil precisaria de R$ 20 bilhões em investimentos em infra-estrutura, em 2005, para superar estrangulamentos nos transportes.

O aumento da carga de impostos, as elevadas taxas de juros e a ausência de um marco regulatório e jurídico para energia e saneamento são alguns dos entraves para atração dos os investimentos. "O custo do investimento no Brasil aumentou relativamente a outros países. Isso significa que o mesmo projeto é mais caro aqui do que se fosse levado a cabo em outro pais. Enfrentamos a desvantagem competitiva em relação a nossos concorrentes nos mercados globalizados", disse Monteiro Neto, ao falar na Federação das Indústrias do Paraná(FIEP) para 1,5 mil empresários.

Monteiro Neto espera que o governo desonere de tributos os bens de capital, com redução do prazo de restituição do PIS/Cofins, redução do IPI de 3,5% para 2% na compra de máquinas e equipamentos, diminuição de 10 anos para 5 anos o prazo de depreciação acelerada no abatimento do Imposto de Renda. Os compulsórios sobre depósitos à prazo deveriam ser reduzidos a fim de possibilitar a queda dos spreads bancários e as taxas de juros.

Com esse conjunto de medidas será possível aos investidores nacionais atender a parte da necessidade de investimentos em infra-estrutura. "O crescimento está ligado ao investimento. O empresário só faz o investimento se a taxa de juros for menor que a taxa de retorno", disse o consultor Antoninho Marmo Trevisan.

O Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Hélcio Tokeshi, disse aos industriais paranaense que a construção de fundamentos sólidos da economia, a partir de uma política fiscal austera, do controle da inflação e da política cambial, gerou um forte confiança nos agentes econômicos em investir a longo prazo. "Os empresários deverão investir para defender espaços de mercado entendendo que as taxas de juros no futuro serão menores", afirmou Hélcio Tokeshi.

O ministério da Fazenda, segundo Tokeshi, espera recorrer cada vez a políticas de microeconomia, como liberação de crédito a pequenas e médias empresas. "São iniciativas que dão muito trabalho para serem implementadas, mas seus efeitos são fundamentais para garantir o crescimento", disse.

O presidente da Federação das Indústrias do Paraná(Fiep), Rodrigo Rocha Loures, espera que o governo conceda aval aos pequenos empresários que precisam de crédito bancário para ampliar seus negócios. Estimativas da FIEP indicam que a demanda de recursos pela indústria do Paraná é de R$ 10 bilhões. Loures promoveu um congresso com 1,5 mil empresários do estado para mapear as vocações econômicas e as oportunidades de investimentos em cada município.