Título: Aumento do consumo leva Petrobras a rever cronograma de refinaria
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/12/2004, Energia, p. A-8

O crescimento da economia brasileira está levando a Petrobras a antecipar pelo menos dois grandes projetos previstos no planejamento estratégico da companhia para os anos de 2004 a 2010. Um deles, conforme o diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, é da construção de uma refinaria, prevista inicialmente para 2007, para começar a operar entre 2010 e 2011. Caso a demanda por combustíveis cresça em 2005 ao ritmo atual, de 4%, as obras da refinaria serão antecipadas.

Até o momento, o consumo de combustíveis já ultrapassou os 3,5%, alta superior à estimada pela Petrobras, que era de 2,4%. Ainda não há definição sobre a região onde a nova refinaria será instalada. Já está decidido, no entanto, que a unidade vai processar, principalmente, diesel e querosene, em função da expansão da demanda. Costa fez ontem uma palestra em encontro organizado pela Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip), conhecido como "Café com Energia".

Segundo o executivo a demanda por combustíveis encerrará o ano perto de 4%. "Se em 2005 o crescimento da demanda continuar aumentando podemos ter que antecipar o cronograma da refinaria", disse Costa. "O ano de 2005 vai ser chave para essa decisão".

Outro projeto que deverá ser antecipado é o da construção de uma nova unidade de fertilizantes no Brasil, prevista para começar em 2009. O motivo é o crescimento do setor agrícola, o que, naturalmente, aumenta a demanda interna por fertilizantes no País. As estimativas são de investimentos de US$ 600 milhões para a construção da fábrica na região centro-oeste para a produção de amônia e uréia. Com isso, o Brasil passará a produzir cerca de 70% da demanda doméstico de fertilizantes. Atualmente, quase a metade do que é consumido no País é importado.

Na área petroquímica, Costa informou que os estudos de viabilidade técnica que fundamentarão o projeto de uma unidade petroquímica serão concluídos em seis meses. A Petrobras ainda não definiu seus parceiros no projeto, mas já anunciou que será minoritária. Os investimentos são de aproximadamente US$ 3 bilhões.

"A planta petroquímica é um desafio para nós do abastecimento semelhante à exploração em águas profundas. É um projeto alto, de grande valor, com capacidade de retorno fabuloso. Estamos olhando para isso com muita atenção."

Ainda de acordo com Costa um dos entraves para o investimento é a tecnologia para o processamento dos insumos que está sendo desenvolvida pelo centro de pesquisa da Petrobras. Ele lembrou que a estatal assinou um acordo com o governo chinês que prevê o intercâmbio tecnológico entre os dois países, o que pode contribuir para o desenvolvimento da unidade.

kicker: Novas unidades de fertilizantes e petroquímica também estão nos planos da estatal