Título: Pay-per-view de sexo em disparada
Autor: Regina Neves
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/08/2004, Mídia & Marketing, p. A-28

O crescimento dos canais pay-per-view, considerados, ao lado da banda larga, como um dos principais responsáveis pelo crescimento do faturamento da TV paga no Brasil, já não se destaca mais apenas pelo futebol e as lutas - embora nos canais Globosat, por exemplo, as vendas do campeonato brasileiro estejam em significativa alta.

O crescimento, agora, envolve também o Sexy Hot. O canal de filmes eróticos da Globosat cresceu 43% em audiência no primeiro trimestre deste ano em comparação a igual período do ano passado, somando um total de 54 mil assinantes, em comparação com 37 mil do primeiro trimestre de 2003. Os dados fazem parte da pesquisa Marplan, que revela também que o canal é o mais assistido entre os dois canais adultos pelos assinantes da base NET/Sky, ficando com 84% desta audiência, em comparação a 39% do outro canal, o Playboy.

Para o diretor dos canais pay-per-view e a la carte da Globosat, Elton Simões, o bom desempenho do canal - referendado pelo Ibope que mostrou que o Sex Hot teve um crescimento expressivo de audiência no primeiro trimestre - é resultado das mudanças na grade, com a introdução de sessões temáticas e principalmente com o "abrasileiramento" da programação, "tornando-a mais agradável ao telespectador nacional".

O "tempero brasileiro" do Sexy Hot ganhou sua cara no início do ano com o lançamento do programa "Zona Quente", uma produção nacional que mostra lugares que o telespectador sempre teve curiosidade de conhecer, mas onde nunca teve coragem de ir como termas, festas, clubes de swing e sex shops. "Tudo é feito com muito estilo e bom gosto", assegura Simões.

O executivo diz que dentro desta visão o Sexy Hot tem hoje uma equipe mista de redatores e programadores. "As mulheres conseguem falar sobre o sexo de uma forma mais delicada, tirando aquela imagem de linguagem de botequim que os homens mesmo inconscientemente às vezes são tentados a usar", afirma. O mesmo acontece na seleção de filmes.

Segundo o Ibope, o perfil do telespectador do canal é predominamente masculino e de mais de 50 anos. No sábado, porém, observa-se o afluxo de público mais jovem (49% entre 25 e 34 anos) e no domingo aumento público feminino (veja quadro). "O canal erótico está atraindo um público feminino maior do que os canais de esporte, nos quais a participação da mulher não passa de 8%", conta Simões. "Segundo a pesquisa da Marplan, o público do Sexy Hot é mais velho e mais feminino se comparado com o público da Playboy."

Nos dias úteis, com exceção das sextas-feiras e aos domingos, o horário de maior audiência do canal é após o horário nobre e início da madrugada. O principal pico de audiência se concentra na madrugada de sexta para sábado. Para assistir ao Sexy Hot, os assinantes da Net pagam uma mensalidade de R$ 20,90. Na Sky, o Sexy Hot custa R$ 25,90 mensal e o assinante tem o direito de comprar programação avulsa por R$ 9,50. Os assinantes dos canais adultos são, no caso do Sexy Hot, 85% das classes AB, número que sobe para 94% no canal da Playboy, segundo a Marplan.

As mensalidades são responsáveis pelo faturamento e a publicidade tem um peso pequeno. "A base de assinantes deve crescer mais ainda", diz Simões, referindo-se à pesquisa Marplan que indicou que 54% dos assinantes de TV paga afirmam se interessar por assuntos relacionados ao sexo e orientação sexual. Segundo a mesma pesquisa, no primeiro trimestre de 2004, o número de pessoas que assistiram a algum canal adulto cresceu 35% em relação ao mesmo período de 2003.

O mercado para o futebol

Além do Sexy Hot, todos os canais pay-per-view da Globosat cresceram este ano, especialmente os de esporte. A Série A do Campeonato Brasileiro, por exemplo, que tinha uma previsão de venda de 280 mil pacotes, deve alcançar os 300 mil até o fim do ano, segundo Simões. "Já vendemos 270 mil e ainda estamos na segunda rodada do segundo turno." O pacote tem um preço variado entre R$ 215 e R$ 350.

A série B, com uma previsão de venda de 50 mil pacotes, já vendeu 30 mil. Simões explica que embora os jogos possam ser comprados individualmente, por cerca de R$ 40, essas vendas não são freqüentes. Simões destaca também que houve uma queda nas desistências. "Elas correspondiam de 10% a 15% das vendas, mas com o aumento das transmissões ao vivo e com o canal de futebol 24 horas, que repassa as partidas atuais e históricas, este índice praticamente zerou". Os canais pay-per-view faturaram R$ 120 milhões em 2003 e a perspectiva de crescimento para 2004 é de 25%.